Pesquisas. Ah, as pesquisas! Tão adoradas e divulgadas há poucas semanas, agora são demonizadas pela companheirada. Manipuladas, compradas e golpistas, gritam os companheiros, como faziam há pouco mais de uma década. Oposição andava com saudades desse velho chororô. Oposição? Bem, Oposição, hoje, vinha com cara, jeito e cheiro de Situação. Mas com o discurso do novo e da mudança. Aliás, todo mundo queria mudança em Gigante Adormecido. Até quem estava no poder prometia fazer diferente de agora em diante. Coisas que só o povo do carnaval e da fantasia conseguia compreender. Cansado da velha e polarizada luta do bem contra o mal, o povo resolvera inovar e acrescentar um pouco mais de tempero nas cansativas e tediosas disputas de Horário Eleitoral. Apostara considerável número de cartas em uma Fada da Floresta. Tendo o bem, o mal e a fadinha, esse enredo não tinha como dar errado.
Em
que encruzilhada se encontravam os companheiros. Precisavam reagir, e
rápido, ou seus inestimáveis carguinhos e mordomias se dissipariam
na poeira das obras do São Francisco, ainda não transposto. Mas
como bater em uma fada? Esse era o dilema da companheirada. Não que
lhes sobrasse escrupúlos, o que faltava era coragem de encarar a
péssima imagem que faz seu povo daqueles que agridem os seres
míticos. Quanta ironia! Pois não fora justo essa tática que lhes
garantiram tanto tempo no poder? Criaram a imagem profética do
Ilusionista, como o pai dos pobres e benfeitor dos miseráveis. Um
proletário idealista que venceu a elite malvada para salvar a todos.
Uma figura messiânica e intocável, capaz de eleger uma caricatura
como sua sucessora. Agora, nem mesmo o descarado Ilusionista era
capaz de avançar sobre essa nova carismática adversária que, como
ungida, surgia.
Para
superar esse desafio, os destemidos companheiros precisariam de
sólidos argumentos e boas acusações. Por isso, já ensaiavam o
novo coerente discurso. A fadinha apoia as invasões de terra e a
reforma agrária! Defende a devolução de terras aos índios!
Critica o acúmulo de capital e o modelo capitalista! É a favor da
inclusão social das minorias e do controle do poder pelos movimentos
sociais! Ela é comunista! Não podemos permitir que o
comunismo chegue a nossa adorada pátria! Abaixo o comunismo! -
gritam os companheiros em uníssono.
Nesse
reino de fantasia, a coerência é como pó de
pirlimpimpim. Faz
ideologias voarem de um extremo a outro. E ao povo, só cabe ter
pensamentos felizes, que tudo dará certo ao final, como ensinava a boa
fada Sininho.
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