domingo, 17 de agosto de 2014

Até as velhas bandeiras fugiam do Herdeiro da Pampa Pobre

O reino de Poliana recebe novamente a visita ilustre do Herdeiro da Pampa Pobre. Em mais uma maratona por Horário Eleitoral, nosso popular Herdeiro, luta para conquistar novamente o troféu Fio de Bigode. Bigode que o destemido Herdeiro já vira ser arrancado a unha, fio por fio, por cada pacata professora que cruzara seu caminho nos últimos quatro anos. Deveria ter seguido as lições que aprendera na escola e ter respeitado as professoras e valorizar a palavra empenhada. Quem diria que, as sempre pacientes educadoras, seriam tão intransigentes com algumas promessinhas tolas e vazias que jogara ao vento só para cativar sonhadores, pensa o Herdeiro da Pampa Pobre, com o lábio superior ardido e a consciência nada pesada.
Nosso digno líder há muito decidira cruzar os pagos de helicóptero para fugir dos pedágios e das péssimas condições de suas estradas. E só pousava em locais cercados por sua militância. Aprendera nesses anos que devia evitar, ao máximo, aglomerações populares de gente sem vínculo com seu clã. As vaias e xingamentos do povo o perseguiam, onde quer que estivesse, como praga de professora. Em seu próximo reinado lançaria um projeto de controle ideológico nas escolas. Essas professoras deviam estar fazendo alguma lavagem cerebral em nossas pobres criancinhas, só podia ser essa a explicação para a rejeição que o atingia nas ruas.
Rejeição que começava a preocupar a corte de Poliana que se entreolhava constrangida com a escassez de militantes e bandeirinhas no comício do Herdeiro da Pampa Pobre. Meia duzia de gatos pingados, e mal pingados, se espalhavam no local tentando fazer volume. Nem mesmo as centenas de mamadores das tetas do reino de Poliana estavam presentes no evento. E o povo, ah, o povo, esse passava bem longe para não ser visto em más companhias. Lição que se aprende em casa e, nas escolas. Malditas professoras! Que turminha mais rancorosa e vingativa. Não eram capazes de perdoar pequenas mentirinhas, típicas de Horário Eleitoral. E, ao que parece, o povo também não. Era preciso reverter esse cinzento cenário rapidamente, ou o endeusado alinhamento fisiológico ia pro atoleiro. Para isso, só restava a velha e infalível fórmula: mais mentiras coloridas em Horário Eleitoral. Precisavam colar em nosso líder a imagem de ter sido o único com a coragem histórica de retirar nossas rodovias das mãos capitalistas das empresas privadas, para afundá-las nas crateras da incompetência e inércia pública. Era preciso convencer o povão de que o pobre e sofredor Herdeiro recebera o reino no buraco e, com muito dinamismo, trabalho e habilidade, conseguira colocá-lo em um buraco melhor. Mais enfeitado, ao menos. Tomara que a fantasia e a ilusão, consigam, novamente, seduzir seu crédulo e sonhador povo. Pois, ao pobre Herdeiro, não restava mais nem um fio de bigode ou ideologia a rifar.

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