domingo, 28 de agosto de 2011

Guerra de Lama no Reino da Decadência



Poliana assistia o duelo de vaidades. De um lado a famigerada Oposição, com suas armas desgastadas pelo uso. De outro, os defensores de sua alteza, com mais ímpeto do que destreza. Para o expectador mais atento pareciam idênticos os atores em cena. No cerne do debate estava a falta de medidas. Faltara tinta ao clã de Poliana na hora de imprimir cor e forma as belas e fantasiosas imagens de seu reinado de ilusões. Sobrara ferro a Oposição na hora de vedar os bueiros e esgotos de um reinado naufragado em narcisismo e presunção. Faltava medidas a ambos, nas trôpegas e piegas tentativas de combater imoralidade com luxúria. Esqueciam-se os ilustres combatentes, que mesmo claudicante, ainda resiste a esperança de dignidade em alguns súditos. Para essas poucas nobres almas em extinção o odor de hombridades decompostas continua a causar aversão e asco. Os adversários na arena, acostumados a viver entre dejetos, nem percebem o desconforto de Povo Honesto ao presenciar tanta sujeira. Arremessam-se no lodo, sem pudor ou parcimônia. Ganhará a batalha aquele que conseguir por mais tempo se manter de pé mesmo com o peso da lama a impregnar suas caras vestes. A platéia, um tanto apática, assiste o grotesco espetáculo. Alguns, de convicções mais sólidas, questionam-se quanto a troca de arena e armas para a competição. Pensavam em assistir a um duelo de propostas, em uma disputa aquecida por discordâncias de projetos e realizações no Campo das Idéias e Convicções. Decepcionavam-se com a constância de artimanhas e embustes, a falta de decoro e a total ausência de pudores em uma deprimente partida no Circo da Promiscuidade. Povo Honesto paga, com o suor de seu trabalho, a pesada conta de seu comodismo e inércia. Ao se calar frente aos constantes tropeços morais dos jogadores, perdeu o rumo do jogo. Esqueceu ser quem cobre todos os pesados gastos do campeonato.
Poliana, cansada com a igualdade dos times, questiona-se meditativa: “Por que não convidar Oposição a se juntar ao seu time? Cobertos como estão, de lama e excrementos, nem mesmo a cor do uniforme faz alguma diferença!”

terça-feira, 23 de agosto de 2011

DEMOCRACIA: USE COM MODERAÇÃO



Tendo em vista a insistência de alguns indivíduos em utilizar esse blog para proferir ofensas pessoais e comentários de baixíssimo nível contra outras pessoas, a partir dessa data todo comentário postado estará sujeito a moderação. É lamentável que algumas poucas criaturas, que fieis a sua índole distorcida, preferem se esconder no anonimato, não saibam respeitar aos outros como em uma verdadeira democracia.
A todos aqueles cidadãos de fato, que visitam este blog, peço desculpas. Para vocês nada mudou. Continuem participando e tecendo seus comentários e críticas, asseguro que serão postadas como sempre.
Para os outros, que preferem agressões desmedidas e destemperadas, que confundem fantasia com realidade e democracia com desrespeito, minha piedade. Continuem mesmo assim enviando suas ofensas, pois elas são para mim fonte inesgotável de divertimento e inspiração. Os insultos dirigidos exclusivamente a minha pessoa continuarão sendo publicados.
Obrigada a todos.
Kátia Filgueras

domingo, 21 de agosto de 2011

A Batalha dos Aflitos no Reino de Poliana



Poliana sempre invejara o exército de cavalheiros que blindava de forma tão harmoniosa seu grande líder e messias, o Ilusionista. Quisera ela poder contar com um grupo tão coeso e desprovido de pudores na hora de garantir sua soberania como os irretocáveis Mensaleiros. Mas, infelizmente, a tropa de Poliana não detinha ainda a destreza necessária para protegê-la de seus invejosos opositores. Deixavam tantos buracos na blindagem que não havia no reino pedras ou piche suficiente para encobri-los. Eram tão amadores e pueris seus protetores que, por vezes, deixavam a pobre rainha rubra de vergonha e constrangimento.
Poliana recordava saudosa os tempos em que seu clã dispunha de armas poderosas para as irrepreensíveis batalhas no Campo das Idéias. Que bons tempos eram aqueles! – suspira sua alteza nostálgica. Como era prazeroso assistir seus companheiros aniquilarem os adversários com suas afiadas espadas da Moralidade e alvejar Oposição com seus certeiros projéteis de Ética disparados por suas pistolas automáticas chamadas Transparência. Como era engrandecedor deter o monopólio da decência. Os Guerrilheiros da Seriedade eram de fato dignos de respeito. Até Oposição mantinha secreto receio do poderio bélico desse exército. Mesmo quem duvidava das nobres intenções dos guerrilheiros guardava certa admiração por sua perícia no manejo dessas letais armas. E foram tantas e tão gloriosas as memoráveis vitórias no Campo das Idéias. Poliana ainda não entendia quando é que tudo isso se perdera afinal. Quando foi de fato que o Campo das Idéias dera lugar ao Campo das Ilusões e de que forma Transparência, Ética e Moralidade se tornaram obsoletas. O fato é que o tempo passou, e com ele foram-se também as ditas boas intenções. Nos dias atuais resta apenas a sua tropa um pouco de munição para a velha e gasta Ideologia Vazia. A evolução dos tempos fez com que seu clã se aperfeiçoasse a ponto de se tornarem exímios no uso de armas com maior poderio de destruição das massas: Mensalão e Propina. Armas estas, idealizadas e patenteadas por Oposição. Afinal, pensa Poliana, todos os meios de se conseguir os seus fins devem ser empregados na luta pelo poder. Não podendo mais contar com Moral e Ética para sua defesa, e com o Campo das Idéias soterrado por excrementos e chorume, era preciso improvisar. Na falta de bons argumentos, argumenta-se que do odor nauseante da decomposição da decência pode-se extrair ainda algum bom perfume. Trocam-se ideais por perfumaria. Vendem-se consciências. Barganham-se sonhos. Corrompem-se dignidade. Aniquila-se um povo, suas ilusões e crenças. Tudo é claro, com a mais nobre das intenções: o poder de se perpetuar no poder. Infelizmente o amadorismo de alguns de seus soldados no uso desenfreado de Propina já rendera muitas pedras para os bodoques de Oposição. Só Poliana sabia o quanto era árduo sua permanente batalha para se manter flutuando em meio a lama espessa de denúncias que ameaçava engoli-la. Para substituir a Moralidade perdida no inconsistente Campo das Idéias, os fiéis seguidores do grande clã inovavam no uso sorrateiro das ameaças e ofensas pessoais. Rastejavam com grande perícia entre ratos e dejetos. No afã de defender seu império, conseguiam por vezes, divertir a todos, até mesmo a patética Oposição, com a infantilidade de seus hilários e desgovernados golpes baixos. Era preciso amadurecer essa estratégia. – reflete Poliana pensativa. Divertimento era para ser ofertado ao seu povo como forma de encobrir a sujeira e imundície de seu reino, não para munir ainda mais os invejosos críticos de seu reinado transbordante de populismo e vazio de integridade.

AVISO AOS NAVEGANTES




Todo comentário postado nesse blog é publicado na íntegra. Não há moderação. As críticas e comentários ofensivos a minha pessoa são tolerados. No entanto, gostaria de solicitar aos participantes que não utilizassem esse espaço para ofensas pessoais ou de qualquer outra natureza a outros, como tem ocorrido nos últimos dias. Não gostaria de ter de moderar comentários. Tenho certeza que podemos manter um bom nível nesse blog.
Bom divertimento a todos e obrigada pela participação.

Kátia Filgueras

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Herói de Poliana



Poliana avaliava entorpecida o estrago que o Agosto Negro fizera sob seus inestimáveis cartazzes. Tanto tempo e recursos públicos jogados ao vento dessa forma. O vendaval assombroso que assolara seu reino levara seus adorados outdoors. Corria a boca pequena de súditos ingratos, que desta vez até os Deuses se enfureceram com a coragem de Poliana em divulgar tantas tolices e mentiras em suas coloridas alegorias. Não bastasse a ira da natureza, Poliana ainda tinha de lidar com a tempestade em copo d’agua articulada por Oposição. Parecia um complô, todos contra os lucrativos cartazzes da popstar Poliana.
Apesar dos dissabores, Poliana acreditava ter conseguido sair com a imagem apenas discretamente maculada. Nada que novos e mais vistosos outdoors não conseguissem encobrir. Poliana ficava mesmo aliviada por poder contar com a incansável defesa de seu herói no parlamento, o companheiro Farofinha.
Farofinha desde tenra idade sempre fora o mestre da argumentação. Surpreendia todos com sua incrível capacidade de réplica.
- Tira o dedo do nariz, Farofinha! Não! Na boca, não. Que coisa mais nojenta filhinho! - educava sua zelosa mãe. Ao que o pequeno prontamente respondia: - O visinho também come ranho! Ele é maior do que eu, foi ele quem me ensinou.
Na catequese ao ser surpreendido surrupiando algumas moedas para comprar Babaloos e balas soft, argumentou muito senhor de si: - Outros meninos também pegaram! E eles cometeram o pecado da ganância. O meu pecado é menor do que o deles, pois era para um fim mais nobre: satisfazer minha gula.
Certa vez, ainda no primário, fora pego colando. Aí sim, revolucionou a escola com sua defesa: - Eu só colei por que os outros também colaram! Não fui eu quem inventou a cola, ora bolas! E a professora tem que ver que minha cola é diferente das outras. Eu fiz com a nobre intenção de aprender!
A professora achou engraçadinho o empertigado Farofinha, com ares de boneco Falcon, defendendo seu ato ilícito. Mas, Farofinha cometera um pequeno deslize, que a educadora não deixou passar em branco: - Seu interesse em aprender Farofinha é muito louvável. Mas mesmo assim terei de lhe dar zero, pois sua cola esta toda errada. Você precisa realmente aprender muito mais.
- Mas não é culpa minha, foram os outros que me passaram a cola errada! Não é justo!
Farofinha repetiu de ano. Aos seus pais esclareceu entre soluços, para fugir da surra de vara de marmelo: - Eu não tive culpa! Eu tentava ajudar meus pobres colegas com dificuldades de entendimento! Eu resumia a matéria, em letras bem pequenas, pra eles poderem estudar. Os outros colegas, invejosos com meu saber e solidariedade, levantaram falsos boatos de que aquilo que eu fazia era cola. A professora, que é uma reacionária, acreditou nos mentirosos e me reprovou! Só se importou com a forma e não soube dar o devido valor ao conteúdo do material. – Seus pais, comovidos com pranto e relato tão sinceros trocaram Farofinha de escola.
Assim nascia uma brilhante estrela do clã de Poliana, sempre pronto a defender o indefensável com a maior cara de injustiçado e perseguido. Capaz de convencer a si mesmo que os pecados seus e de seus amigos de tão bem intencionados beiravam as raias das virtudes. Sem jamais temer fazer papel ridículo em qualquer palanque ou tribuna, desde que fosse a serviço do grande clã. Com um herói assim tão disposto Poliana podia dormir tranqüila sem medo de tempestades.

O Herói de Poliana



Poliana avaliava entorpecida o estrago que o Agosto Negro fizera sob seus inestimáveis cartazzes. Tanto tempo e recursos públicos jogados ao vento dessa forma. O vendaval assombroso que assolara seu reino levara seus adorados outdoors. Corria a boca pequena de súditos ingratos, que desta vez até os Deuses se enfureceram com a coragem de Poliana em divulgar tantas tolices e mentiras em suas coloridas alegorias. Não bastasse a ira da natureza, Poliana ainda tinha de lidar com a tempestade em copo d’agua articulada por Oposição. Parecia um complô, todos contra os lucrativos cartazzes da popstar Poliana.
Apesar dos dissabores, Poliana acreditava ter conseguido sair com a imagem apenas discretamente maculada. Nada que novos e mais vistosos outdoors não conseguissem encobrir. Poliana ficava mesmo aliviada por poder contar com a incansável defesa de seu herói no parlamento, o companheiro Farofinha.
Farofinha desde tenra idade sempre fora o mestre da argumentação. Surpreendia todos com sua incrível capacidade de réplica.
- Tira o dedo do nariz, Farofinha! Não! Na boca, não. Que coisa mais nojenta filhinho! - educava sua zelosa mãe. Ao que o pequeno prontamente respondia: - O visinho também come ranho! Ele é maior do que eu, foi ele quem me ensinou.
Na catequese ao ser surpreendido surrupiando algumas moedas para comprar Babaloos e balas soft, argumentou muito senhor de si: - Outros meninos também pegaram! E eles cometeram o pecado da ganância. O meu pecado é menor do que o deles, pois era para um fim mais nobre: satisfazer minha gula.
Certa vez, ainda no primário, fora pego colando. Aí sim, revolucionou a escola com sua defesa: - Eu só colei por que os outros também colaram! Não fui eu quem inventou a cola, ora bolas! E a professora tem que ver que minha cola é diferente das outras. Eu fiz com a nobre intenção de aprender!
A professora achou engraçadinho o empertigado Farofinha, com ares de boneco Falcon, defendendo seu ato ilícito. Mas, Farofinha cometera um pequeno deslize, que a educadora não deixou passar em branco: - Seu interesse em aprender Farofinha é muito louvável. Mas mesmo assim terei de lhe dar zero, pois sua cola esta toda errada. Você precisa realmente aprender muito mais.
- Mas não é culpa minha, foram os outros que me passaram a cola errada! Não é justo!
Farofinha repetiu de ano. Aos seus pais esclareceu entre soluços, para fugir da surra de vara de marmelo: - Eu não tive culpa! Eu tentava ajudar meus pobres colegas com dificuldades de entendimento! Eu resumia a matéria, em letras bem pequenas, pra eles poderem estudar. Os outros colegas, invejosos com meu saber e solidariedade, levantaram falsos boatos de que aquilo que eu fazia era cola. A professora, que é uma reacionária, acreditou nos mentirosos e me reprovou! Só se importou com a forma e não soube dar o devido valor ao conteúdo do material. – Seus pais, comovidos com pranto e relato tão sinceros trocaram Farofinha de escola.
Assim nascia uma brilhante estrela do clã de Poliana, sempre pronto a defender o indefensável com a maior cara de injustiçado e perseguido. Capaz de convencer a si mesmo que os pecados seus e de seus amigos de tão bem intencionados beiravam as raias das virtudes. Sem jamais temer fazer papel ridículo em qualquer palanque ou tribuna, desde que fosse a serviço do grande clã. Com um herói assim tão disposto Poliana podia dormir tranqüila sem medo de tempestades.

sábado, 6 de agosto de 2011

Poliana - A Vendedora de Ilusões



Reunidos em festivo aglomerado, Poliana e seus seletos bobos discutiam a estratégias de marketing para divulgação dos grandiosos projetos implantados durante seu reinado: Um outdoor para cada promessa vazia. Poliana, asfixiada, tentava respirar no meio de tanto confete e serpentina. Até para os mais adestrados e engajados membros do clã, o programa de ilusionismo por vezes parecia sufocante. Arfante, nossa rainha, desprendida de pudores, escuta a explanação megalomaníaca de sua assessoria em ilusão de ótica e impressionismo.
- Temos de vender a idéia de que nossa jovem e destemida rainha é a única na história de todo o reino a desenvolver ações para os menos favorecidos. Esse é nosso carro-chefe: Poliana a corajosa rainha da plebe!
- É isso mesmo! Eu sou mesmo corajosa e destemida. Passei por vários apuros sem nunca perder a compostura. Só eu sei o quanto custou não perder a pose e manter o altivo andar real com o entre-gluteos dilacerado por dias de desarranjos difamatórios. Que suplício!
- É mais ou menos essa idéia que devemos divulgar: a força e a retidão daquela que não se rende jamais. Uma incansável rainha na defesa dos excluídos.
- Pelo certo, se olharmos a fundo, eu passei mais tempo defendendo o indefensável do que propriamente os excluídos, mas gostei desse mote. Parece jingle de Horário Eleitoral.
- Temos de continuar a enaltecer nosso programa de merenda escolar. Esse é uma fonte inesgotável de prêmios, cartazzes e outdoors.
- Acho que devíamos mudar o nome do programa para algo mais próximo da realidade e da agricultura familiar. Podíamos chamar de Programa de Engorda de Filhotes.
- Credo Poliana! Que coisa mais politicamente incorreta de se sugerir. De onde você tirou essa idéia?
- Do Mundo Real, é claro. O que vocês, seus molóides, acham que a agricultura familiar produz em nosso provinciano reino? Se vocês não sabem, deveriam comer a merenda. Eu só ia as aulas pra esse fim. Mas voltando as tetas gordas... O que oferecemos em glamoroso banquete para nossas adoráveis criancinhas? Pão, salame, bolacha, nata e suco de uva! Tudo muito orgânico e flatulento. Uma fonte inesgotável de calorias e gazes. Perfeitamente equilibrado para atender o ideal de consumo auto-sustentável do nosso clã.
- Por isso nossas crianças são tão rechonchudas e satisfeitas. Mais um mérito de nosso reinado!
- Satisfeitas e embuchadas. Pelo menos os pais estão contentes, seus filho retornam as casas ávidos por verduras e legumes, o sonho de toda mãe zelosa com sua prole. – completa Poliana orgulhosa de seus feitos.
- Também precisamos enaltecer a centena de obras executadas por esse reinado empreendedor. Nosso reino é hoje um verdadeiro canteiro de obras.
- De obras eu não sei, mas de buracos... – sussurra Poliana.
- Pelos meus cálculos já ultrapassamos as cem obras que mudaram definitivamente a vida de nossos súditos. - complementa Santo Jorge - o showman - entre rebolados e passos de dança. É quase uma obra para cada assíduo freqüentador do festival pirotécnico da Orquestra partidária.
- Os números são surpreendentes, não podemos subestimar nossos feitos históricos. Nunca se fez tanto por nosso humilde povo. Foram 13 churrasqueiras, 5 canchas de bocha, 18 tampas de bueiro, 12 canteiros de flores, 62 ripas de forro em 5 salões comunitários. Colocação de 3 mictórios e 4 vasos sanitários em banheiros públicos. Construção de 6 lombadas na zona rural. Uma dúzia de balanços, três escorregadores, 4 traves de gol e 9 bancos de concreto. Nossa! Nesse ritmo não vai mais haver grandes obras a oferecer para nosso povo nos próximos anos!
- É isso mesmo, precisamos reduzir o ritmo caso contrário nosso adestrado povo pode querer vôos mais altos. Já pensou se começam a almejar futilidades pequeno-burguesas como esgoto, calçamento, escolas e creches? Vai ser um duro golpe em nossos ideais socialistas. – reflete o sempre taciturno companheiro Boina Verde.
- Precisamos divulgar mais nossos projetos inovadores como o inigualável programa de inclusão digital. Somente a visão futurista de nossa alteza permitiu o acesso de mestres e discípulos ao capitalista mundo da informática. Esse inédito projeto nos renderá muitos méritos.
- Méritos e propinas, né! Compramos cada máquina pelo preço de duas! Isso é que eu chamo de inclusão digital. Já fizeram os cálculos de quantos dígitos incluímos em nossas contas. Bem ditos sejam meus fieis contribuintes que pagam a conta sem questionar. Esses coitados nem devem ter internet em casa pra saber o valor de um computador. Que continuem assim, bem longe dessas tecnologias de massa. Nós sabemos bem o valor de uma boa massa de manobra.
- Pensem em quantos de nossos súditos excluídos ficarão encantados com o mundo digital? Todas aquelas crédulas professoras conhecendo o maravilhoso mundo virtual por intermédio de nossa benevolente rainha. Nossas educadoras cairão de amores por sua alteza.
- Isso, isso! Eu serei uma celebridade. As coitadinhas, sempre oprimidas por anos de baixos salários, ficarão encantadas com meu desprendimento e generosidade.
- Não sei não - profetiza o austero Boina Verde – estamos lidando com seres pensantes, não podemos esquecer isso.
- Acho que Poliana, como sempre, tem razão. Essas sonhadoras criaturas estarão tão embevecidas com o acesso livre a essa nova tecnologia que nem terão tempo de pensar. Elas farão fila para referenciar nossa rainha, a caridosa.
- Maravilha! Elas vão poder até acessar o Blog da Poliana! – um silêncio constrangedor cai sobre o recinto. Poliana após refletir um pouco conclui: - Melhor repensarmos um pouco esse tal acesso livre. Devemos bloquear determinados endereços para evitar constrangimentos.
Seus bobos, doutores em democracia vigiada, concordam plenamente com Poliana a bolchevique da modernidade.