domingo, 26 de outubro de 2014

Cara a cara com os indecisos


Nos embates cara a cara, nossa Rainha Mãe nadou de braçada. Soube mostrar a que veio, apresentar propostas e aniquilou o adversário, representante da elite branca e reacionária. Mas, pela margem de erro, pode não ter sido bem assim. Com a palavra: os indecisos.
Rainha-candidata, o que a senhora pretende fazer para combater a corrupção em nosso reino?
- Olha minha querida, é preciso que se diga que nunca se combateu tanto a corrupção como em meu reinado. E por que se combateu a corrupção? Porque eu permiti. Eu dei a polícia, ao Ministério Público e a Justiça a autonomia para investigar e punir. Coisa que não acontecia antes. Antes, essa gente toda obedecia e abanavam os rabinhos àquelas aves bicudas de Oposição.
- Mas, não são muitos os escândalos de corrupção em seu reinado aparecendo nas manchetes, rainha?
- Eram muito mais frequentes os roubos de dinheiro público nos tempos bicudos. O meu reinado, hoje, é vitima de uma Imprensa Livre golpista, que me persegue. E me persegue por que eu permito. Eu respeito Imprensa Livre e não persigo jornalistas. Sou democrática! Pretendo, apenas, processar essa gente, já que o paredon não foi, ainda, instituído por aqui. Coisas dessa tal Democracia, se é que cê me intende.
- E quanto ao desemprego, rainha? O que a senhora tem a dizer?
- No que se refere ao desemprego, é preciso que se diga, e é preciso que se tenha muita cautela em dizer e em pensar. Praticamente não há desemprego em meu reinado. Aliás, eu quero te dizer, que estamos muito próximos do pleno emprego. No governo anterior, não no último, no anterior ao último que, aliás, foi sempre uma maravilha... No antepenúltimo governo, o dos elitistas bicudos, haviam 11 milhões de desempregados. Nós acabamos com isso. Criamos milhares de empregos só em cargos de confiança em órgão públicos e Estatais com meu projeto de PAC – Programa de Acomodação da Companheirada, que todos vocês conhecem. E são mais de 50 milhões de pessoas que recebem bolsas assistenciais e que deixaram as estatísticas de desempregados. Somos, com toda certeza, o reinado que mais manipulou as estatísticas, gerando empregos.
- E a inflação atual, candidata, que dizem estar mais elevada que em anos anteriores?
- A inflação está controladíssima! Quem entregou o reinado com uma inflação muito maior do que recebeu foi Oposição. Arrancaram com 900% e acabaram com 12%. Um descontrole absurdo!
- Mas 900 é maior do que 12, rainha.
- É maior, é? Desculpe, eu não sou muito boa em matemática e não entendo nada de economia. Mas tenho certeza que os bicudos são muito piores que eu. Eles espancam mulheres, dirigem embriagados e assam criancinhas no café da manhã.
- E por que construir um porto em Cuba, rainha, quando temos tantos problemas de infraestrutura aqui em nosso reino?
- Ao financiar um porto lá longe, em Cuba, geramos muitos empregos, já que as construtoras eram nacionais.
- Mas não seria melhor investir todo esse nosso dinheiro na construção de portos em nosso território e gerando os mesmos empregos em nosso reino?
- Você diz isso, minha querida, por que não conhece o PRONATEC, Programa Nacional de Tecnologia Exportada à Cuba. As obras são financiados por vocês contribuintes. Executada por grandes construtoras parceiras da realeza e que recebem no pagamento essa moedinha nacional criada pelos bicudos. E vocês vão receber essa fortuna de volta, se é que vai voltar, daqui há 25 anos, na internacionalmente conhecida e sólida moeda castrista. Como é mesmo o nome da moeda? Chumbo? Não, desculpe, não é chumbo, é o peso cubano, moeda muito forte e estável. O mercado internacional tem muito apreço por essa moeda. Vocês, indecisos, deviam conhecer o porto que construímos. É uma belezura. Moderníssimo. Um dia, talvez, possamos ter algo parecido aqui também.
- E para educação rainha, de onde tirar recursos?
- Do pré-sal, é claro. Do pré-sal extrairemos dinheiro para saúde, educação e tudo mais que couber nesse buraco imenso.
- Mas o pré-sal, rainha, só deve produzir petróleo daqui uma década, ou mais. Como sobreviverão a saúde e a educação até lá?
- Você está mal informado, meu querido, do pré-sal já jorra petróleo. Cê não se lembra do meu antecessor no trono, o Ilusionista, com as mãos sujas de petróleo do pré-sal? - pausa para reflexão - Bem, talvez fosse só sujeira do petrolão, mas isso não vem ao caso, queridinho.
- E rainha, o que a senhora tem a propor para mim, que tenho 50 anos, sou formada em economia, estou desempregada e não consigo colocação no mercado de trabalho?
- Olha, eu quero te dizer, que nós temos vários projetos para pessoas com o seu perfil. Temos cursinhos rápidos e até cursos profissionalizantes. Cê pode fazer um curso de solda ou corte costura, por exemplo. Estimulamos cursos de artesanato onde cê vai aprender a fazer bordados e fuxicos, e poderá confeccionar, com seu próprio esforço, seus panos de prato.
- Mas eu sou economista, rainha. Fiz faculdade e pós-graduação. Já tenho qualificação, eu só quero trabalhar na minha área. - retruca a impertinente indecisa.
- Olha aqui queridinha, vou te dizer uma coisa, se ocê não quer se esforçar e aprender novas tecnologias, não vai a lugar nenhum. - irrita-se a Rainha Mãe, rosnando para a indecisa. Mas, mesmo assim, você pode se inscrever em nossas bolsas assistenciais que empregam cada vez mais gente, e ficará empregada pelo resto da vida.
        Os eleitores indecisos, entraram indecisos e saíram atordoados. Esperavam que com mais quatro anos, a Rainha Mãe conseguisse se conectar a realidade e organizar melhor, não apenas o grande reino de Gigante Adormecido, mas seus próprios neurônios reais.



sábado, 18 de outubro de 2014

Medicina e hipocrisia


O jovem médico percorria os corredores azulejados, a essa altura da madrugada, silenciosos. Chega ao posto de enfermagem da unidade de internação hospitalar, pega uma das pastas e senta-se para analisá-la. Acabara de atender um idoso internado, ansioso e intranquilo, que não sentia-se confortável por estar longe de casa e da família. A escuridão da noite, a angústia da doença e o ambiente impessoal, frio e asséptico dos hospitais, costumavam causar aflição aos pacientes internados. Sentimentos parecidos corriam nas veias dos médicos e profissionais de saúde também. Mas era melhor que ninguém soubesse disso. E essa gente de branco, que vagava pelos quartos e corredores, na calada da noite, sabia bem dissimular suas angustias e sentimentos. Aprenderam nos bancos escolares. Era, afinal, o que se esperava deles.
Esfregando os olhos cansados, o jovem faz uma varredura rápida nos registros da história e da clínica do paciente recém avaliado. Parecia ser, realmente, apenas ansiedade e angústia de um idoso que estava internado, longe da família e de seu lar. Chamados e sintomas corriqueiros em uma madrugada de domingo, pensa o jovem médico, passando mais uma vez as mãos nos olhos. Mais de 48 horas de plantão sem dormir, sempre cobravam seu preço, mesmo aos mais jovens. Assumira o plantão de um colega, por isso faria tantas horas ininterruptas. Fazia isso por dinheiro, acreditava a maioria. Na realidade, assumira esse plantão porque o colega médico, bem mais velho, tinha a formatura de um dos seus filhos. E se tem coisa que um médico, mesmo os mais jovens, aprende desde cedo a valorizar, são os poucos e pequenos momentos com a família. Esses pequenos eventos valiam mais que qualquer dinheiro, e só quem já tivera de abdicar de tantos desses ao longo da formação e da vida profissional, sabia dar o seu devido valor. Para os que olhavam de fora, era só ânsia por dinheiro de uma gente que afinal, não é dada a sentimentos, já que pouco podem ou devem demonstrar. Ossos, um tanto duros, do ofício, pensa o médico fechando a pasta a sua frente.
Olhando um jornal displicentemente esquecido na mesa próxima, lê as manchetes de mais um escândalo milionário de corrupção e desvios de verbas públicas em uma grande Estatal do país. Um país onde faltavam recursos, equipamentos, exames e materiais básicos em hospitais públicos, como esse grande hospital onde hoje fazia plantão. O mesmo país onde se via doentes amontoados em macas de emergências lotadas ou esperando há meses por exames diagnósticos nos postos de saúde. Um país que o fazia, como médico, perder todo dia. Que o fazia perder pacientes para um câncer tardiamente diagnosticado. Perder dignidade ao ter de mendigar um leito de internação em UTI, angustiantemente necessário, mas inadmissivelmente indisponível. Que o fazia perder a paciência, por não ter um medicamento necessário e vital ao tratamento de um de seus pacientes. Que o fazia, a cada dia, perder a esperança e pensar em desistir.
Por ser jovem e, ainda, idealista, sempre acreditara que podia ser parte da solução, da mudança e da melhora do sistema público de saúde para seu povo. Mas, pelo que ouvia nos atuais discursos e nas posturas dos políticos - verdadeiros responsáveis pelas necessárias melhorias no SUS - ele era apenas uma parte asquerosa do problema. Não era suficientemente humano, diziam os discursos raivosos. Não gostava de atender os pobres. Não tinha amor ou apreço pelo povo. O seu povo! Era um mercenário. Apenas isso. E mercenários mereciam desprezo em qualquer sociedade, talvez mais que os corruptos. Entre os corruptos que roubavam bilhões que poderiam salvar vidas em diagnósticos e tratamentos, e esse jovem médico acusado de mercenário, melhor crucificar quem está mais próximo. E como são insensíveis a dor e ao sofrimento, os médicos, mesmo os jovens, suportam o linchamento coletivo e público. Nisso todos concordam ou ao menos se omitem.
Esse jovem médico não serve para seu país, à saúde pública, ao governo ou ao povo brasileiro, como não servem, ou serviram, os médicos mais velhos. Deve ser isolado e combatido, feito praga. Outros médicos, melhores e mais humanos, vieram e virão, de fora, para atender, com o devido zelo e respeito, ao seu - ao nosso - povo. Sem recursos, exames, leitos ou estrutura, tomara sejam suficientemente insensíveis, “os Mais Humanos” médicos importados. Pela saúde mental dos profissionais estrangeiros, torceremos, os mercenários, que eles consigam trilhar esse caminho de descaso, desleixo, fracassos e corrupção, sem perder a ternura jamais - torce também, o jovem insensível e desacreditado médico nacional. Melhor mesmo desistir, largar de mão e seguir outro caminho, constata o jovem médico mercenário. Só não desistiria hoje, porque tinha vários pacientes com exames pendentes para lhe mostrar. E a dona Isaltina, que lhe levara ontem um pano de prato bordado em homenagem ao dia do médico, tinha consulta no final da semana. Mas na semana que vem largaria tudo isso, decidira, convicto, o jovem médico desumano. Nada que uma reles noite de oito horas de sono não conseguisse adiar. Coisas, decisões e sentimentos, que só os médicos nacionais, mercenários e desumanos compreendem, ninguém mais.

domingo, 12 de outubro de 2014

Uma fábula chamada Brasil


Há muitos e muitos anos, em um país ainda não encantado, chamado Brasil, era época de eleições presidenciais. As primeiras eleições diretas depois de um longo jejum. Dois candidatos disputavam o segundo turno. Dois nordestinos, tão iguais na região geográfica de nascimento, quanto diferentes em suas histórias e discursos. De um lado, um jovem candidato, bem estudado, desportista e oriundo de tradicionais famílias nordestinas. De outro, um nordestino retirante, de família pobre, metalúrgico e surgido do movimento sindical.
O jovem atacava o sindicalista, acusando-o de ser comunista. De ser aliado de baderneiros que invadiam terras e faziam greves para promover a desordem no país com fins puramente políticos. O sindicalista atacava o outro, acusando-o de ser representante da burguesia, do coronelismo político do nordeste onde imperava o voto de cabresto. De representar uma política oligárquica que se beneficiava da falta de instrução de um povo sofrido e desassistido, que trocava seu voto por cestas básicas assistencialistas e eleitoreiras.
Na reta final da campanha, o jovem atleta chuta bem a baixo da linha da cintura. Divulga no horário eleitoral o depoimento da ex-mulher do proletário, acusando-o de lhe oferecer dinheiro para realizar o aborto da filha dos dois, quinze anos antes. A dedicada e apaixonada militância do sindicalista, sangra de ira e dor, pela baixeza do golpe sofrido. Os simpatizantes do jovem desportista, comemoram o chute certeiro.
No último debate televisivo antes do pleito, o país paralisa para assistir o embate entre os dois presidenciáveis. Eram outros os tempos, e escolher pela primeira vez, em anos, o presidente, parecia mais importante que qualquer reality show. Aliás, não haviam reality shows nessa época. Nem internet, facebook, WhatsApp ou youtube. No calor do debate, ao vivo, o candidato sindicalista faz uma colocação, com razoável fundo de ciência e lógica: “que ao persistir a situação contínua de miséria e de fome no Nordeste, os nordestinos acabariam por se transformar, no futuro, em uma sub-raça”. Prato cheio para o jovem representante da oligarquia do agreste. Em poucos, e impiedosos minutos, ele se mostrou revoltado e ofendido por todo o pobre povo nordestino que estava sendo cruelmente desprezado e humilhado pelo sindicalista, também nordestino, mas agora, declaradamente preconceituoso com seu próprio povo.
Sangrava ainda mais a militância esquerdista. De dor e revolta pela manipulação injusta de palavras e contextos. Pela falta de honestidade e decência, e pela deslealdade do embate. Chorava, e choraria por muitos anos, pela eleição, dias depois perdida.
O resto desse enredo, todo mundo conhece. O jovem e destemido presidente eleito, foi cassado pouco tempo depois, por conta de um automóvel Fiat Elba e mais algumas coisinhas ilícitas. O metalúrgico, anos mais tarde, foi eleito por duas vezes presidente. O mais popular presidente até hoje eleito nesse país. Acreditam alguns, que talvez ele carregue nas costas milhares de Fiats Elba. Mas de nada ele soube, e nada até hoje se comprovou que soubesse. Portanto é inocente e só carrega nas costas sua enorme popularidade e carisma.
Moral da história? Onde andaram, nos últimos anos, esses dois distintos políticos? Abraçados, nos mesmos palanques, com os mesmos discursos e a mesma ideologia. Sinal de que o tempo tudo apaga e a todos aproxima. Até mesmo as falsidades e traições. E a engajada e sofrida militância de outrora? Aprendeu a bajular seus antigos rivais, e a usar suas velhas táticas, sem remorsos ou pudores. Agora sabe caluniar, difamar, ofender e distorcer a verdade, para ganhar eleição. A dor, não ensina a gemer, ensina a rastejar na sarjeta, e transforma todos em vermes, ao menos é o que parece. Aqueles que sangraram e choraram de mágoa e ressentimento pela deslealdade sofrida, hoje comemoram o mesmo voto despolitizado daqueles de pouco estudo,que os fizera chorar há 25 anos. Os mesmos que incitaram, com a coerência da época, o povo a ir às ruas pedir o impeachment de um presidente corrupto, hoje se mostram ofendidos e perseguidos pela investigação de um esquema bilionário de corrupção dentro de uma única Estatal, mas que envolve seu adorado partido de ideologia e moral corrompidas, mas de alianças e parcerias sólidas, sórdidas, mas consistentes e bilionariamente lucrativas.
Como se canta nesse país tão musical e lúdico, que às vezes parece, mas não é, uma fábula: “Tudo está em seu lugar. Graças a Deus!Graças a Deus!“




sábado, 4 de outubro de 2014

Voto obrigatório, ou voto de cabresto?


De pé desde bem cedinho, o velho já se arrumara, com esmero, para esse dia. Velhas e ultrapassadas práticas, com certeza. Importante dia este, para ele. Momento de cumprir com seu dever cívico de escolher os parlamentares e governantes de sua pátria. Há muito, pela idade, já era, por lei, desobrigado a comparecer às urnas, mas ainda com prazer o fazia, não por obrigação, mas por convicção. Sempre acreditara que assim deveria ser. Votar precisava ser um ato de convicção e não apenas uma responsabilidade legal a ser cumprida. Para esse velho, uma democracia de fato, devia respeitar o livre arbítrio de seu povo. Respeitar, inclusive, o direito de cada cidadão de não se importar com questões cívicas ou com quem governará o seu futuro nos próximos anos. Não se formam cidadãos conscientes por força de lei. Cidadãos conscientes e críticos são formados com educação plena e de qualidade. Leis não constroem consciência, tão somente impõe deveres e estipulam punições. A obrigatoriedade do voto, talvez, aproxime o país muito mais do velho e torpe coronelismo do que da legítima e almejada democracia. Obrigar o eleitor a se dirigir às urnas, parecia, a esse ancião, mais com cabresteamento do que com real cidadania. É o voto de cabresto, legal e legitimamente instituído, no final das contas, conclui o idoso, reflexivo.
Mas, se o voto não for obrigatório, uma minoria decidirá pelo país e não teremos legitimidade, berram alguns. Se uma boa parcela da população optar por abrir mão de seu legítimo direito ao voto e de decisão, automaticamente legitimou a escolha daqueles que pensaram e se posicionaram diferente. Isso devia ser suficientemente legítimo em uma democracia de fato e de direito. Mas não é assim que se pensa nesse país, reflete o velho. Nesse país, a autonomia e o livre arbítrio são criminalizados, como nas mais sórdidas ditaduras. Esse povo, nosso povo, precisa ser tutelado e coagido por lei. E quem precisa ser coagido e tutelado, seria visto em outras democracias mais sólidas e coerentes, como seres incapazes. E incapazes, até nessa nossa estranha e peculiar democracia, não têm condições ou o direito legal de escolher um governante. Estranhas incongruências essas, acredita esse idoso ignorante.
Mas era dia de escolher, decidir e votar. De cumprir com seu dever cívico e moral perante a Nação. Deixaria de lado, nesse domingo, suas tradicionais e adoradas disputas de bocha - um dos prazeres que poucas vezes na vida abria mão. Pois, abriria mão de seu prazer pessoal de idoso, em nome de seu dever com o futuro do país. Esperava que todo cidadão brasileiro fizesse essa escolha, com consciência e convicção. Mas, ainda lastimava por aqueles que o faziam por obrigação e coerção legal. Obrigação e coerção não eram méritos de um povo autônomo e esclarecido, eram marcas de uma gente sem o direito de se omitir e mesmo assim ser cidadão. Quem dera, algum dia, todos tenham o direito de jogar bocha, e escolham ir às urnas e votar. Nesse dia, seremos, enfim, uma respeitosa democracia. Até lá, somos e seremos, apenas idiotas e incapazes obrigados por lei a votar. E idiotas incapazes, podem, sim, decidir uma eleição. Mas jamais serão cidadãos de fato. Nem mesmo  nessa nossa estranha democracia.