sexta-feira, 25 de maio de 2012

A Sempre Unânime Poliana


A rainha rodopiava como criança no centro do salão real. Sua corte de companheiros gargalhava e brindava com o mesmo entusiasmo da época da ascensão de sua majestade ao trono. O contentamento contagiava o seleto grupo tanto quanto a inebriante e surreal propaganda oficial da corte de Poliana.
- Eu sabia! Sempre soube que ele não viria. – afirma eufórico um dos assessores da rainha
- Não tem pra mais ninguém! Dessa boca ninguém mais nos tira. – acrescenta, já um pouco bêbado, um dos membros do Companheiros Unidos no Trambique (CUT).
- Eu confesso que achei que ia ser mais difícil. Que essa turminha da elite ia dar algum trabalho. – admite uma desocupada figura do MAQ (Movimento dos Atingidos por Quati).
- Parece que tu não conhece esses reaça, cara. Eles só sabem explorar os trabalhador, e morrem de medo da classe operária organizada. E nós somos o proletariado no poder! – exulta um dos assessores da Câmara de Vendilhões, pós-graduado em dialética trotskista.
- É isso aí companheiro! Os cara se borraram todinhos. Um empurra pro outro. Todos mortos de medo de nos enfrentar. Tu viu a cara do entojado o Marimbondo quando o Zangão jogou a bomba no colo dele? Chegou a murchar o ego de pavor – vangloria-se um líder do SindiPelego.
- Verdade. Nossos planos estão correndo melhores do que contávamos. Nesse ritmo teremos só  Poliana na disputa. Vai ser mais um sonho realizado. Uma utopia! Teremos finalmente uma democracia sólida, absoluta, e incontestável. Como a cubana! – discursa, inflamado, o camarada Boina Verde.
- Bravo companheiro! – aplaude emocionada uma matriarca do clã, enxugando as lágrimas com a bandeira vermelha - Imaginem só: um reino onde todo mundo pensa igual. Onde não há críticas ou divergências, e todos acreditam em nossos cartazzes e outdoors. Um mundo ideal. Sem Oposição.
- Um brinde ao fim de Oposição! – propõem entusiasticamente a turma do MSTT (Movimento Só Tramóia e Trago).
- Chega dessa palhaçada! Eu cansei de ouvir vocês falarem tanta besteira. Vocês conseguiram azedar o meu humor com esse falatório ridículo. Eu tenho que dar graças aos céus por Zangão ter pendurado as chuteiras e Oposição ter se acovardado, por que se eu dependesse de vocês, seus molóides, eu estava frita! – exaspera-se sua majestade, pondo fim a euforia do grupo.
- Credo Poliana. Isso é jeito de falar? Tu sabe bem, que tu só tem a coroa graças a nossa boa estrela! – indigna-se um membro do clã.
- Estrela sou eu! Vocês todos gravitam em torno de mim como figurantes. É o meu carisma! O meu discernimento! A minha astúcia que mantém esse reinado! Vocês são um bando de inúteis sustentados pelo contribuinte, isso sim. Não servem pra nada. Tanto, que faz uma semana que vocês estão bebendo e comemorando a debandada de Oposição e ninguém no reino percebeu a ausência de vocês. – exclama a rainha com a presunção própria dos donos da bola e da arbitragem. – E eu tendo que escutar essa conversinha de “nós somos o proletariado no poder”- desdenha Poliana. - Nós quem? Vocês nunca trabalharam na vida. Se entraram  alguma vez numa fábrica foi pra chegar no sindicato e se acomodar por lá. E esse negócio de que vocês sabiam que Zangão ia dar o fora? Até ontem vocês andavam que nem umas baratas tontas, loucos de medo dele e seu enxame moribundo. – continua a monarca inclemente. – Se eles tem medo de alguém, é de mim! Soberana cada vez mais absoluta. Eu! Uma unanimidade até entre quem deveria opor-se a mim. – afirma Poliana altiva, fazendo pose em frente ao espelho.
- Nossa! Se ela antes, mesmo atolada em escândalos, já era insuportável, agora com ego super inflado ninguém mais segura. – cochicha um dos bobos da Irmandade do Fogo.
- E vocês, seus tolos... – continua a egocêntrica rainha – são tão burros que nem se deram conta da dança das cadeiras das minorias.
- Dança das cadeiras das minorias?! O que é isso alteza? Um novo programa de inclusão social e cidadã?
- Quase isso, bobo. Vocês ficaram aí festejando com Champanhe e Cuba Libre e nem pararam para pensar que se Oposição está morta, e eu sou uma unanimidade, todo mundo está comigo. E todo mundo vai querer um carguinho. Como é que vocês acham que eu vou arrumar tantos carguinhos assim?
- Como magnânima? – pergunta um dos pajens reais, engolindo em seco de apreensão.
- Remanejando os robustos e improdutivos glúteos de vocês, é óbvio!
- Isso significa...? – pergunta um companheiro sem muita prática em jogos de raciocínio e lógica.
- Significa que várias das cabeças e bundas de vocês vão dançar meus companheiros. O trono e a coroa já tem dona. Vocês que se digladiem feito abutres para ficar com meus restos. – debocha a temida Poliana agarrando-se ao trono para não levantar vôo.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Os Altos Saltos da Rainha



- Deus do Céu! O que é essa tralheira toda esparramada pela sala! Que confusão. Não dá nem pra andar sem tropeçar nessas coisas! – reclama um dos pajens reais desviando dos entulhos no chão.
- Coisa de Poliana. Ela tá há horas escolhendo os modelitos. Mexe e remexe naqueles armários, tirando centenas de sapatos.
- Mas pra que ela quer todos esses sapatos? Vai doar pra campanha do agasalho?
- Que doar que nada. Ela esta escolhendo os melhores modelos para disputar o troféu popularidade deste ano.
- Ela pretende entrar na disputa pelo troféu com esses saltos tão altos. Não seria mais adequado algo mais confortável e prático?
- Agora não há mais necessidade de maiores cuidados e frescuras. O velho já decidiu: vai ficar com as pantufas.
- Mas será que já é definitivo? Olha lá, não podemos ser afoitos.
- Acho que desta vez é sério mesmo. Ele não vem. Dá até pra ver as caras de desolação das viúvas do Zangão. Tadinhas, vão ter de ficar tricotando por mais uns anos.
- É mesmo, os jogos de bingo da velharada vão bombar por mais um tempão.
- Não sei não. Já vimos esse filme outras vezes. Ele diz que não vai e no final era só enrolação pra conseguir patrocínio.
- Dessa vez é sério. O velho ficou com medo da popularidade de nossa rainha. Achou melhor ficar em casa olhando velhas fotos e lembrando-se dos seus tempos.
- E quem vai vir então?
- Se lá. Agora, tá todo mundo reunido escolhendo um personagem para perder pra Poliana.
- E já tem algum nome circulando no meio?
- Eles vão lançar qualquer um, só pra figuração. O Macaco Tião ou o Louro José, talvez. Nossa rainha está eufórica. Nem ela acreditava que ia ser assim tão fácil.
- É, mas nós temos que nos cuidar. Afinal, mesmo sem adversário a Poliana sozinha já dá o que falar.
- Eu concordo. Não acho boa idéia Poliana escolher saltos tão altos. Muita coisa pode acontecer na viagem a Horário Eleitoral.
- Vocês são paranóicos! Horário Eleitoral é nossa praia. Lá ninguém nos assusta. Ninguém faz photoshop como nós.
- É isso aí! E nossos jingles fazem intelectual chorar como a falácia da revolução cubana. E os súditos adoram ver a rainha beijando criança ranheta e piolhenta. Nós arrasamos nessa modalidade.
- Não é essa minha preocupação. Eu me preocupo com nossas cabeças e nossos carguinhos. O que me deixa arrepiado é o que a rainha vai descobrir em Horário Eleitoral!
- O que você quer dizer?
- Vocês já pararam para pensar na quantidade de mentiras que nós temos dito pra rainha durante todos esses anos? Já contaram quanta história da Carochinha nós inventamos para fazer a rainha dormir e acreditar que seu reino é uma colorida Ilha de Fantasia e realizações? Será que vocês não percebem que mais dia menos dia todas essas mentiras vão cair como uma avalanche nas nossas cabeças.
- É mesmo! Tinha esquecido desses detalhes. Pior ainda! Sem um adversário decente para enfrentar Poliana, nossas trapalhadas vão ficar ainda mais expostas! Não vamos ter ninguém em quem jogar a culpa dessa vez.
- Meu Deus! Seremos nós, nossas promessas vazias e mais ninguém. Como é que vamos resolver isso companheirada! – grita um dos bobos quase em histeria.
- Se lá, sei lá. – choraminga um sindicalista correndo estabanado pela sala. – Nunca nos deparamos com uma coisa assim, antes. As filas na saúde, os curandeiros caindo de pára-quedas, os remédios jorrando em fontes, todas aquelas obras fantásticas... meu Deus! Quando ela descobrir!
- Não quero nem pensar numa desgraça dessas! Ela vai nos matar! Temos de pensar em algo. E rápido!
- Já sei! Vamos logo seus molóides. Vamos atrás de Zangão. Se nós fizermos uma vaquinha e implorarmos um pouco pode ser que ele mude de idéia e salve nossos pescoços.
- Bem pensado. Temos que negociar. Vamos oferecer umas ceroulas novas, e essas pantufas do Pateta. E tem aquela caixa preta abarrotada de cartazz e dossiês. Poliana nem vai desconfiar. Vamos logo, sem barulho. Nossos carguinhos dependem dessa negociação.

sábado, 12 de maio de 2012

Tabuleiro de Recordações

Sob as árvores da praça, sentados frente a frente, a tarimbada dupla analisava atentamente o tabuleiro. Cada jogada era cuidadosamente pensada. Cada peça movimentada de forma estratégica, após incontáveis minutos. Alinhamento nunca fora o forte dos dois jogadores. Zangão e Chucrute há muito não disputavam o mesmo jogo.
- Que tal a vida de aposentado Zangão?
- Boa. Pela manhã leio os jornais. Depois do almoço faço um cochilo. À tarde jogo paciência ou faço palavras cruzadas. E sempre leio um bom livro antes de dormir. É o verdadeiro paraíso.
- É, parece mesmo animador. - afirma Chucrute um tanto descrente. - Você tem acompanhado as novidades do reino?
- Eu tenho visto as propagandas e até parei para ler um daqueles cartazes gigantes que espalharam por aí.  Quanta mentira colorida! E que enorme desperdício de dinheiro aquelas coisas. – resmunga Zangão, movimentando uma das peças no tabuleiro.
- É isso aí. Mentem, mentem, mentem, até parecer verdade. Parece coisa de outro mundo.
- E é de outro mundo mesmo. É igualzinho a Horário Eleitoral, você não lembra?
- É mesmo. Bem que me soou familiar. - recorda-se Chucrute ainda atento as peças a sua frente - E você ouviu o discurso da rainha naquele tal Café com Besteiras? Uma verdadeira piada.
- É, ouvi dizer. – responde Zangão, econômico até nas palavras.
- Imagine só, Poliana ficou horas se vangloriando do tal contrato para solucionar o problema da água. Uma enxurrada de bobagens digna de Horário Eleitoral. Falou, falou, enrolou, entubou, e no final assinou o mesmo contrato que tanto me acusaram de ter feito errado. Que palhaçada.
- É, essa tática é quase tão velha quanto nós. Também me pareceu familiar. – continua Zangão ajeitando os óculos.
- Eu gosto da forma extravagante como a rainha e sua corte alardeiam terem construído duas escolas e mais algumas perfumarias, graças ao tal alinhamento fisiológico, digo ideológico. Até tu, que nunca foi muito alinhado, fez mais obras. E olha que tu é um pão duro dos diabos! O que será que esse pessoal faz com o dinheiro do reino?
- Sei lá. Devem gastar tudo naqueles comerciais. Que desperdício! - rosna o sisudo - E as tais moradias? Tu Chucrute, fazia casas sem pedir dinheiro emprestado para ninguém. Essa aí paga a casa com dinheiro dos outros e ainda faz propaganda. E como se gasta em propaganda! Tanto dinheiro posto fora. – lamenta Zangão abanando desgostoso a cabeça.
- Isso sem falar no saneamento básico! Eu sozinho enterrei mais canos que nessa tal transposição. Você sabe que com o que eu fiz de esgoto dava para fazer a volta em torno da terra?
- Ouvi dizer. Tu devia ter enterrado menos cano e feito mais propaganda.
- E tu devia resmungar menos e abraçar mais velhinhos.
- Abraçar velhinhos e segurar criança mijada sempre foi o teu forte. Nessa, nem Poliana consegue te superar.
- É verdade. Dá uma saudade dos jogos daquele tempo.
- É. O jogo hoje é mais baixo. Não tem mais aquela arte dos nossos tempos. – sentencia o aposentado atento ao tabuleiro.
- Verdade. Nossas rasteiras pareciam mais éticas. Tinha certa decência na deslealdade daqueles tempos. – queixa-se Chucrute saudoso.
- Com certeza. Por isso é que eu me aposentei. Não tenho mais fôlego para esse tipo de jogo. – fazendo mais uma jogada, Zangão anuncia com um meio sorriso: - Xeque-mate!
- De novo não! Eu fiquei tão empolgado lembrando meus antigos feitos que esqueci de proteger o rei.
- Algumas coisas não mudam, né Chucrute? – zomba Zangão recolhendo o tabuleiro.
- É o que parece. – lamenta-se o ariano - Nós até que formamos uma boa dupla.
- Só no Xadrez. E nas lembranças. Agora tenho que ir. Tá na hora da novela. – decreta o sisudo estendendo a mão para o parceiro de jogo.
- Então vai, Zangão. – despede-se o outro com um abraço caloroso – Boas férias. Não vai se cansar demais jogando paciência.
- Pode deixar. Até mais.
- Ei, tu tá esquecendo a mesinha do jogo. – alerta Chucrute apontando para o objeto no chão.
- O que?  Hah, isso aí. Não é uma mesa. É uma caixa preta que achei remexendo nos armários. Coisa velha e sem serventia. Pode deixar por aí.
- Caixa preta, é?  Ouvi dizer que a invejosa Poliana já tem uma igualzinha, só dela.  Do jeito que ela é simplória é capaz de mandar divulgar em outdoors ou no Café com Besteiras.

sábado, 5 de maio de 2012

Poliana: Remendando Tropeços

- Vamos lá Poliana! Presta atenção aqui. – reclama um companheiro apontando para as peças sobre a mesa.
- Agora não! Me dá uma folga, eu não agüento mais isso tudo.
- Não adianta nada reclamar rainha, nós mal começamos o jogo.
 - Eu já estou cansada de olhar para essas peças. Nada parece encaixar direito. Quando se arruma de um lado, estraga de outro. Que inferno essas tais de coligações! Quem foi que inventou esse negócio afinal?
- Oposição é claro! De onde mais poderia sair idéias tão traiçoeiras e desleais.
- É mesmo, isso é coisa antiga. Eu até me lembro como nós criticávamos esse mercado de pastas e carguinhos. Parece que foi ontem. - relembra Poliana enquanto lixava as unhas.
- Credo Poliana, isso já faz um tempão! Ontem foi quando nós dizíamos que piso não era teto, e que só o telhado dos outros é que era de vidro.
 - Telhado de vidro todos nós temos. Só que o nosso é mais transparente que o de Oposição. – defende o empertigado Farofinha acostumado a sua posição de escudeiro real.
- É a pura verdade. – apóia eloqüente uma matriarca do clã. - Oposição não tem uma causa. Um ideal. Só defendem os interesses de uma elite dominante que explora o reino desde seu descobrimento e...
 - Chega de conversa mole! Só estamos nós aqui, ninguém precisa ficar pregando moral de cuecas. – exaspera-se Líquen, entediado com o velho e rançoso discurso.
- Nisso, até eu que sempre achei essa ladainha de nosso clã cansativa, tenho que concordar com vocês companheiros. – continua a rainha recostada nas almofadas. - Nossos éticos e transparentes membros sabem como ninguém pregar moral com as cuecas recheadas de propinas. Essa aprimorada técnica nem a tarimbada Oposição conseguiu fazer emplacar.
- Não sei não. Acho até que eles conseguiam, só que não eram pegos com as peças íntimas abarrotadas. Talvez fosse o modelo de cuecas e meias que eles usavam. A elite pode ser desprezível, mas tem lá o seu refinamento. – conclui um assessor de assessor com certo despeito.
- É possível meus adoráveis bobos. O pessoal de nosso clã sempre adorou um estardalhaço. Foi assim que chegamos tão longe. Infelizmente, a companheirada não pode ver uma migalha de propina ou um farelo de recurso público que se atira que nem porco em lavagem. É sujeira pra todo lado. Até Oposição fica constrangida.
- Vamos acabar com essa sessão nostalgia. Não adianta ficarmos aqui remoendo o tempo em que parecíamos limpos e decentes. Não vendemos toda aquela balela de ideologia e sociedade justa para chegar até aqui e jogar tudo fora por falta de coalizão. Precisamos montar logo esse quebra-cabeças.
 - Coalizão não vai ser problema seus bobões. Deve ter uma fila de pretendentes doidinhos para aderir com essa adorável e escultural rainha. – ronrona Poliana, maliciosa. – Afinal eu além de linda sou esperta e ardilosa. A resistência maior eu já venci. Aqueles patéticos e rancorosos membros de nosso clã que passaram anos criticando meu reinado já estão dóceis como cachorrinhos. Foi só jogar uns petiscos pra uns e arrumar umas cadeirinhas pra outros, e pronto! Estão todos dispostos a abanar os rabinhos, digo, as bandeirinhas para sua adorada Poliana.
 - Acontece que nós sozinhos não vamos a lugar nenhum alteza. Precisamos de mais alguém pra nos carregar. E nem todo mundo tem tão pouco apego a moral quanto nós. Até alguns que aderiram conosco já estão pensando em roer a corda depois de nossos pequenos desvios éticos.
- Isso é só pra se fazer de difícil. Conheço bem essa tática. É só nos acenarmos pra eles com uns maços de dinheiro, meia dúzia de chefias e mais uns carguinhos, que essa gente esquece rapidinho esse negócio de raízes históricas. Afinal, erva daninha tem raízes muito frágeis. Só se fixam firme e fortes como guanxuma, no solo fértil do poder. E eu sou a dona absoluta do poder. Com poder, dinheiro, astúcia, muita mídia e meia dúzia de trouxas pra me carregar, eu continuarei a ser a estrela mais brilhante desse reino. – decreta Poliana, jogando o quebra-cabeças no chão, com pose de criança birrenta.
- Só espero que o excesso de ego da rainha não apague a chama que nos aquece e atice um enxame de opositores para encobrir nossa estrela. – murmura um preocupado articulador real.