domingo, 28 de setembro de 2014

Beijando a lona


Uma enrolada e confusa Oposição se debatia, como sempre, perdida e abestalhada. No fantástico e ilusório mundo de Horário Eleitoral, não sabia que papel desempenhar. Dizia querer mostrar propostas ou oferecer a outra face a cada acusação mentirosa proferida pela companheirada. Puro romantismo tolo, ou total falta de entendimento das regras do jogo posto. Parecia discursar a um outro povo. Um povo politizado, intelectualizado e capaz de distinguir esmolas de direitos fundamentais. Um povo que não fosse cabresteado pelo antigo coronelismo esmoleiro, ou atual companheirismo embusteiro. Povo, esse, que nem mesmo em Horário Eleitoral, conseguia dar as caras. Deviam deportar Oposição para a Suécia. Pois nessa nossa terra, não há lugar para debate limpo ou discussão de propostas sérias e concretas. O povo gosta de choro, fantasia e, pelo visto, chutes, socos e sangue. E tem medo de assombração. Só Oposição ainda não entendeu o enredo e vive nos tempos das comédias pastelão, onde o pateta e desengonçado contava com a simpatia do público.
Em um ringue de luta livre, poucos são os que se comovem com quem apanha sem revidar. Em Mundo Real, quem apanha sem se defender é derrubado e impiedosamente nocauteado, para delírio da plateia. De boas intenções, os discursos, todos eles, estão cheios. Mentiras, calúnias e terrorismo são especialidades da quadrilha vermelha – hoje no comando. Apanhar e perder é a cara de Oposição. À Oposição só resta naufragar com seus discursos pomposos ou a meiga e doce pose de Madre Teresa, empunhando o lencinho branco da paz. Já o povo, este prefere gente lambuzada em petróleo público roubado, e mergulhada em esquemas de propinas, mas com cara e jeito de vencedor.
 Em Horário Eleitoral, o Frajola devora o Piu-piu, e o Dique Vigarista vence gloriosamente essa corrida maluca. Só resta à Oposição hibernar, como o Zé Colmeia, e retornar, no futuro, como Galinha Pintadinha. Essa sim, falará a língua que a maioria de nosso povo conseguirá compreender. Oposição terá mais 12 anos para ensaiar a nova e exitosa coreografia. É melhor começar já. “Pó pó pó, pó pó pó, póoo!...

domingo, 21 de setembro de 2014

Guerra de lama em Horário Eleitoral


Bombas explodiam a cada momento. Mísseis varriam o céu nebuloso. Estilhaços voavam para todo lado. Uma densa fumaça encobria a realidade e dificultava a visão. Conflitos na Faixa de Gaza? Não. Campanhas em Horário Eleitoral. Na impossibilidade de se usar bons argumentos e propostas consistentes, opta-se pelo mais fácil: chafurdar na latrina. O terrorismo é sempre uma boa estratégia àqueles desprovidos de decência.
Frente a possibilidade concreta de se verem apeados do poder através do voto popular, a companheirada desce um pouco mais os degraus da moralidade. Como se não houvessem descido o bastante quando defenderam, de punhos erguidos, criminosos condenados. Com escândalos de assalto aos cofres públicos estourando feito bombas, defendem-se como rege sua cartilha, semeando mentiras e cultivando o medo. Bastante pitoresco o fato de terem chegado onde estão com o comovente discurso de que a esperança vencera o medo. Agora, o terror deve se sobrepor as propostas. Tudo perfeitamente explicável e justificável quando se trata da manutenção de um importante projeto. Projeto esse, que já absorveu cifras incontáveis de recursos públicos. O PAC! Programa de Acomodação da Companheirada. O mais efetivo projeto implantado pela turma em mais de uma década, tirando milhares de companheiros do ócio mal remunerado e garantindo-lhes uma tetinha pública inesgotável. E o medo de perder uma boquinha faz até companheiro vencer a pouca disposição em suar a camisa e resolver arregaçar as mangas e partir para a Luta Livre de ética, modalidade preferida desse time.
Precisamos defender o petróleo, que é nosso! Brada a companheirada, liderada por seu messias, o Ilusionista – com as mãos sujas, mas não de petróleo. E nosso, é preciso que se traduza, quer dizer deles, os companheiros. Quadrilha essa, que armada de emblemáticos discursos contra a malfadada privatização de empresas públicas de exploração do petróleo, entregou a dita Estatal à pilhagem e roubalheira de seus comparsas. É a inclusiva política de companheirização da coisa pública. Se com o braço abraçam a empresa, com a mão lhe surrupiam a carteira. E para defender o projeto criminoso de poder dos quadrilheiros, do pescoço para baixo tudo é canela. Mentir faz parte da democracia, acreditam eles, profissionais da mentira. Denegrir é um direito Constitucional. E roubar dinheiro do povo, é só um lapso momentâneo de conduta. Sorte dos bandidinhos nos presídios, poderem aprender com gente assim, tão qualificada quanto desprovida de vergonha quando submersa em falcatruas e escândalos de corrupção.
Os baluartes da moralidade e da defesa das minorias, precisam convencer a todos que seus oponentes são justamente aquilo que eles próprios representam: intolerantes religiosos, patrocinados pelos horripilantes banqueiros, incompetentes na gestão da coisa pública, semeadores do analfabetismo funcional. A odiosa Oposição pretende retirar os direitos dos trabalhadores, que voltarão a ser escravos, como os cubanos. Acabará com os benefícios assistenciais, e o povo passará fome. O futuro se tornará negro, como o chorume onde hoje chafurdam. Só não acusam os seus opositores de  corruptos, afinal, essa pecha é monopólio dessa quadrilha que sempre há de se orgulhar do difícil título conquistado no reino da impunidade. 

domingo, 7 de setembro de 2014

O rodízio de hipocrisia no estacionamento da coerência


Poliana e sua corte adoravam uma discussão. Confronto de ideias e participação eram o cerne de seu reinado. Pelo menos nas propagandas oficiai e nos discursos. Nos bastidores não era bem assim. Até seus aliados na Câmara de Vendilhões deviam engolir as decisões do Alto Clero sem pestanejar. E quando essas decisões atingiam em cheio o bolso, já bastante assaltado, dos contribuintes, mais a turma de Poliana se esforçava para amordaçar qualquer voz atrevida que ousasse questionar. E quando eram justamente os aliados que ousavam levantar tais questionamentos, Poliana subia nas tamancas!
- Quem vocês pensam que são para questionar um projeto meu, seus inúteis?! Vocês esqueceram a quem devem favores? Quem vocês acham que estão representando, afinal? - berrava, esganiçada, a ofendida rainha.
- Nós fomos eleitos pelo povo para representar os interesses do povo, majestade. - Explica o vendilhão aliado, com as pernas trêmulas e as cueca já úmidas frente a ira real.
- Vocês, como eu, fomos eleitos pelo povo, sim! Mas os interesses que passamos a representar mudaram no dia seguinte ao pleito. Qualquer idiota, até o povão, sabe disso! Vocês, seus energúmenos, estão na Câmara de Vendilhões como meus filhotes, e devem votar conforme meus interesses. Se vocês não conseguem entender uma lógica tão clara, devem se bandar para o lado de Oposição! - continua sua alteza, imperativa e ameaçadora.
- Mas os contribuintes, alteza, estão nos questionando muito sobre os valores do tal novo modelo de estacionamento no reino. Eles acham abusivo! - Tenta esclarecer um dos companheiros da Câmara de Vendilhões, amedrontado.
- Abusivo é esse povinho se achar no direito de se manifestar, ora bolas! Se eu estivesse interessada em ouvir o que essa gente tem pra dizer, teria feito aquelas assembleias e audiências públicas ridículas que costumamos fazer só para enganar os trouxas. Eu decidi qual o novo modelo de estacionamento pago, os locais onde serão implantados e os valores cobrados. E quem não estiver de acordo, que ande a pé, como nos regimes socialistas! É tudo muito simples, claro e objetivo. - declara, enfática, a monarca.
- Mas Poliana, o valor cobrado nas vagas de estacionamento aumentará muito. Triplicará! Será um peso no bolso dos contribuintes. E nós sempre afirmamos que nossa intenção não era arrecadatória. - argumenta o aliado.
- Ora, dai-me paciência! Qualquer súdito, em meu reino, é perfeitamente livre para circular nas nossas esburacadas vias públicas, sem qualquer ônus adicional aos salgados impostos já pagos. Salvo, é claro, algum pneu avariado ou amortecedor danificado. Somos um reinado democrático! O direito de ir e vir está perfeitamente garantido. Mas, para estacionar é preciso pagar! E alguém precisa lucrar com isso, não é mesmo? E vocês não esperavam que fosse o povo a lucrar! - continua, a sarcástica rainha.
- Acontece alteza, que a matemática não fecha. Se vamos dobrar o número de vagas de estacionamento, não parece correto que se triplique também o valor até então cobrado. Como vamos explicar isso aos contribuintes?- contrapõe o outro, quase choroso, em frente a rainha.
- É só uma questão de como colocar os fatos a essa gente. O fato é que “estaremos disponibilizando duas mil novas vagas de estacionamento a nossos sofridos motoristas”. Entenderam? Não interessa se essas vagas sempre existiram e não eram cobradas, e agora custarão 1,50 a hora. O povo só vai enxergar: 2 mil e novas! É simples! Como mentir em Horário Eleitoral!
- É, pensando bem, faz sentido. - concorda o vendilhão aliado, aliviado.
- É claro! Não sei como não tínhamos nos dado conta disso antes. Mas, mesmo assim, como vamos justificar que o valor cobrado por hora tenha triplicado? - indaga o companheiro.
- Ora, vocês sabem, não existe almoço grátis, nem passe livre, nem teta pública, sem que alguém pague a conta. E quem paga é sempre o contribuinte, que não tem como escapar. Mas, para efeito de discursos, ponham a culpa no modelo econômico! No capitalismo! No Imperialismo Norte Americano! Na crise internacional! Nos conflitos na Faixa de Gaza! Na inflação... Não! Na inflação, não! Não é conveniente, nessas épocas de maquiagem oficial da companheirada, falar em inflação. - alerta a rainha, sempre cautelosa com a boa figura de seus pares – E, para dar um certo ar de participação socialista a essa gentinha questionadora, depois que tudo já estiver legitimado na Câmara de Vendilhões e não houver mais nada a ser feito, anunciaremos alguma audiência pública para ouvir as lamúrias, a essas alturas inúteis, do povão. Divulgaremos com alarido, na mídia, que eu, a rainha caridosa e zelosa com os tributos dos contribuintes, estarei recebendo aos súditos para ouvir suas críticas e sugestões. Vocês, meus vassalos, se certifiquem de que haja nessas audiências mais companheiros que gente de bem. Pouca coisa é mais detestável numa democracia do que gente sem cabresto ideológico ou rabo preso em algum carguinho público! - lembra sua alteza - No final, tudo será como nós já havíamos decidido que seria, e ainda teremos várias matérias em Imprensa Livre mostrando como somos um reinado democrático e participativo, mesmo quando não escutamos ninguém, a não ser nossos pares, e decidimos conforme nossas conveniências. - conclui Poliana, soberana absoluta, para seus adestradinhos Poodles da Câmara de Vendilhões, que abanavam os rabinhos para agradar sua dona.
    Em reino onde monarca não se dá ao respeito, súdito não se dá valor, e ao eleitor, caráter é artigo sem qualquer importância, quem tem vergonha é otário.”