terça-feira, 2 de agosto de 2016

Poliana, a monarca placebo

Nossa prestimosa Poliana pode tardar, mas jamais falha. Nos últimos suspiros de seu reinado decidira, vejam só, atender as principais promessas feitas em sua primeira turnê a Horário Eleitoral. Finalmente, Vontade Política, sua varinha de condão, resolvera funcionar após tantos anos em permanente manutenção. O frio deveria ser a explicação! O inverno mais intenso das últimas décadas deve ter acordado Vontade Política. Pura coincidência esse milagre ocorrer tão próximo de um nova viagem ao mundo encantado e colorido de Horário Eleitoral. Neste ano, para desespero de Poliana e sua trupe, Horário Eleitoral não seria mais tão bonito e enfeitado como antes. A maquiagem e o photoshop estariam limitados por lá. Por isso, nossa rainha precisava fazer agora o que adiara por anos.
 
E, enfim, as consultas médicas nasceriam do chão, feito inço no verão. Nada mais de filas na espera por pronto atendimento. A super safra de médicos, tão alardeada e prometida, finalmente dera o ar da graça. E os atendimentos de saúde floresceriam como os Ipês. Pelo menos até o final da primavera. O velho mantra de seu tempo de pedra, trocar agendamento por respeito, resolvera acordar Poliana nos seus últimos tempos de vidraça. Seria uma temeridade que sua alteza fosse lembrada por Oposição de sua incompetência em cumprir uma surrada promessa. Sorte de Poliana a memória de seus súditos ser mais curta que resfriado. Se em Horário Eleitoral nossa monarca e seus aliados tinham todos os diagnósticos e terapêuticas, aqui em Mundo Real a saúde era merecedora apenas de medidas paliativas. E, pelo menos pelas próximas semanas, era preciso manter seus súditos em boa forma, afinal, saúde sempre fora uma boa moeda de troca nas competições quadrienais de Horário Eleitoral.
 
Segurança! Outro mantra de nossa alteza tão negligenciado em seu reinado. Era para serem apenas palavras ao vento que ninguém lembraria decorridos alguns meses, mas a insegurança do povo podia fazê-lo lembrar de suas - as de Poliana -  promessas vazias do passado. Para tranquilizar seus súditos, Poliana prometia transformar seu reino em um gigantesco Big Brother. Câmeras de videomonitoramento já estavam brotando nos postes, como musgo. Se funcionavam, ainda ninguém sabia, mas que chamavam a atenção, isso chamavam. Que essas novas máquinas consigam intimidar os bandidos mais do que as anteriores, que Poliana preguiçosamente deixou enferrujar até virarem sucata, para contentamento dos meliantes locais.
 
Poliana, inequivocamente, era excelente nos diagnósticos precisos das mazelas de seu povo, mas exageradamente lentinha em colocar as soluções em prática. O que motivava a monarca e sua vasta corte, não eram as necessidades diárias do povo, e sim suas próprias necessidades de votos. Uma pena que as competições em Horário Eleitoral só ocorram a cada quatro anos. Muito tempo para quem precisa de saúde e segurança. Tempo suficiente para Poliana enrolar, cozinhar em banho-maria, e ao final do segundo tempo de jogo, marcar um gol de mão. Sua alteza merecia a medalha olímpica em descaramento. E a conquistaria. Com o apoio do povo, que por anos aguardou por atendimento em saúde e sofreu com o abandono e a insegurança. O sofrido povo desse reino se alimenta de sonhos e ilusões, e contentava-se com remendos e remédios de última hora. Um povo que aceita apenas medidas paliativas, merece uma rainha placebo, muito mais farinha que conteúdo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Havendo dificuldades na postagem dos comentários, o campo URL poderá ser deixado em branco.