sábado, 14 de setembro de 2013

Poliana, Deusa e soberana

Numa sexta feira treze, as bruxas estavam soltas no castelo real. Uma ensandecida Poliana convocara todos os aliados para uma reunião de emergência. Majestosamente sentada em seu trono, com seu séquito ajoelhado aos seus pés, a altiva monarca tratava de colocar ordem na casa e arreios nos que ousavam lhe contrariar.
- Vamos recapitular meus servos! Quem é a rainha absoluta desse reino?! – pergunta novamente a monarca, agitando ameaçadoramente seu cetro.
- Você, ó magnânima Poliana! – responde o adestrado grupo em uníssono.
- Quem escolhe, decide e determina?! – continua sua alteza real.
- Você, ó magnífica rainha! – responde novamente a corte de vassalos.
-Nossos aliados na Câmara de Vendilhões devem defender os interesses de quem?
- Do povo! – responde um apressadinho, lembrando-se das antigas aulas de moral e cívica e esquecido de que a moral, assim como a tal disciplina, há muito fora abolida.
- Errado! – berra a rainha, acertando o bobo com o cetro. – A câmara de vendilhões está a serviço da rainha!
- Então quem defende os interesses do povo é Oposição? – pergunta o outro, ainda tonto com a pancada.
- Claro que não, seu estúpido! Oposição defende os interesses de Oposição. Você anda assistindo muito Horário Eleitoral.
- E quem representa o povo então?
-Nós! Fomos eleitos para isso, será que você não aprendeu nada com aquela patética Democracia?
- Mas e quando os interesses do povo forem diferentes dos nossos?
- Nós impomos ao povo nossas certezas e vontades, com o apoio e conivência de seus representantes vendilhões. Assim o povo acredita que seus interesses estão representados e fica satisfeito. Simples assim! É tão difícil de entender?
- Acho que fiquei meio confuso depois dessa pancada na cabeça. Mas se um de nossos vendilhões aliados resolver defender o povo que o elegeu?
- É porque está defendendo os interesses de Oposição. É um vendilhão vendido, isso sim! E precisa ter suas asinhas e alguns carguinhos cortados para não voar muito longe. Qualquer um que ouse pensar diferente de Poliana precisa ter a cabeça decepada para aprender a não usá-la sem meu consentimento. Assim se faz democracia. Alguém discorda? – pergunta sua alteza, com o cetro em punho.
- Não! Ó democrática rainha! – respondem todos, em respeitosa reverência, para deleite de Poliana, deusa unânime e inquestionável nesse reino.


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