As coisas continuavam maravilhosas no reinado de Poliana. Pelo menos nos
anúncios promocionais espalhados por todo reino. Os banners, outdoors e
inserções na mídia, dão conta de um povo que esbanja saúde, felicidade e
contentamento. O povo olha a tudo deslumbrado. Quisera um dia poder adentrar no
colorido mundo das propagandas oficiais. Lá não faltavam remédios, exames ou
leitos de UTI. Até o frio era mais acolhedor que no mundo real. Talvez houvesse
emprego para o crescente número de trabalhadores desempregados, nesse midiático
conto de fadas de Poliana e sua corte. Talvez não. De qualquer forma as
coloridas gravuras enfeitavam o reino e desviavam a atenção das misérias reais
e cotidianas. Sorte desse povo poder contar com uma rainha sempre disposta a
plantar ilusões para colher votos. E esse era ano de colheita. Já era possível
perceber as diferenças. Pois não é que os buracos no asfalto que por anos
desesperaram os motoristas e contribuintes desapareciam a cada dia numa
velocidade surpreendente. Vontade Política, a varinha de condão de Poliana,
parece que enfim resolvera funcionar. Salvas a rainha!
Vários bobos da corte retornaram
à Câmara de vendilhões, em treino preparatório para a turnê a Horário Eleitoral
que ocorreria em alguns meses. Mesmas caras, outras boquinhas. Mas os discursos
na tribuna chegavam a ser cômicos. Ver a companheirada engatilhar a ladainha
contra o golpe e a traição que vitimaram a Rainha Mãe de Gigante adormecido, a
estrela impedida, ao mesmo tempo em que dividem como irmãos o poder com seus
mais novos inimigos, era hilariante com pitadas de vergonha alheia. A total
incapacidade dessa gente em manter um mínimo de coerência e vergonha merecia um
estudo científico. Alguma proteína ou enzima responsável pelo senso de ridículo
com certeza inexistia nesses corpos.
Já Poliana, esta sim, sabia como se portar em público. Nada de críticas
ou o blá-blá-blá do golpismo. Nenhuma teoria conspiratória esdrúxula.
Mantinha-se fiel a aliança que há anos lhe garantia o trono. Coroaria sua
sucessora, tinha certeza. Apesar da companheirada! - bufa Poliana. Seus
companheiros sabiam ser entediantes. Só Poliana conhecia os sapos vermelhos que
tivera de engolir nesses anos todos. Poliana nunca fora uma estrela de raiz,
mas era uma oportunista de primeira grandeza. Soubera surfar na boa onda
vermelha e sugar da fruta até o caroço. Agora, quando a fruta virara uma passa,
desidratada até as entranhas, nossa visionária rainha já se preparava para
acampar em outro terreno, com pasto mais verdejante e promissor. Mas antes de
abandonar em definitivo o barco naufragante, precisava garantir sua sucessão.
Não era nada conveniente a nossa astuta monarca permitir que Oposição lhe
tomasse o trono e tivesse acesso a todos os meandros desses anos de reinado. Oposição,
a invejosa, se deliciaria mostrando que a realidade não era tão bonita e
limpinha quanto mostram suas adoráveis e caras propagandas, pagas com dinheiro
público. Já Oposição, continua a hibernar. Talvez venha acordar pouco antes dos
jogos mundiais. Talvez não acorde jamais. O excesso de ego costuma deixar
Oposição sonolenta.
Ao povo restam os sonhos, ilusões e, em breve, a tocha olímpica! Mais
uma inutilidade midiática de Poliana, a rainha da ilusão de ótica. Que o fogo
da tocha possa aquecer a todos aqueles desassistidos de políticas públicas, mas
soterrados pelas mentiras coloridas do reinado de Poliana.
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