domingo, 12 de junho de 2016

A escassez de pães de queijo na clausura

E a crise atingira a Rainha Mãe na clausura, feito frente fria. O povo há meses apertava o cinto por necessidade de sobrevivência. Pois o cinto da rainha afastada fora apertado por ordem de Mesóclise, o rei tampão. Pura mesquinharia dos golpistas, queixa-se o vasto séquito estrelado. Estavam tolhendo o legítimo direito de ir e vir da monarca impedida, agora desumanamente sentenciada ao regime semiaberto. Ter um único avião a sua disposição era praticamente uma humilhante tornozeleira eletrônica. Para viajar pelo reino, pulando de palanque em palanque fazendo a cansativa política do mimimi, teria de se deslocar em aviões de carreira ou ter aeronaves fretadas por seus próprios companheiros.  Não bastasse tamanho atentado aos direitos humanos, retiravam até a comida de sua mesa. Precisaria reduzir o consumo de pães de queijo! Verdadeiro absurdo para quem já gastara em um mês o equivalente a cinquenta salários dos contribuintes com esse item fundamental da cesta básica socialista. Persistindo esse descalabro autoritário seria obrigada a comer feijão, alimento que escasseava no prato do povo, mas conhecidamente indigesto para a antiga corte comunista acostumada as mais caras iguarias do mundo capitalista, pagas com dinheiro público. Da forma como as coisas andavam acabaria tendo de  pagar do próprio bolso até mesmo um cafezinho. Quanto disparate.
Sorte da rainha injustiçada poder contar com a solidariedade de seus seguidores, que já se uniam para promover uma gigantesca campanha de arrecadação de alimentos. Seus companheiros, é preciso fazer justiça, sempre foram rápidos na luta pelos necessitados. Suas entusiasmadas manifestações em defesa de condenados por corrupção e formação de quadrilha foram emblemáticas, bem como as inovadoras vaquinhas para quitar fianças de larápios do dinheiro público. Curiosamente, os ventos golpistas que totalitariamente apearam a Rainha Mãe do poder trouxeram a companheirada para o front de luta contra a corrupção. Os mesmos que com punhos erguidos enxovalhavam Justiça pela prisão de conhecidas estrelas, agora gritam contra a corrupção dos outros. Afinal, a corrupção vermelha é mais limpinha e tem cheiro de inclusão social e defesa das minorias. Para a imensa maioria do povo, no entanto, toda corrupção fede. Os corruptos, de todas as matizes e ideologias, acostumados ao próprio cheiro, não percebem o odor de material putrefato. Assim como o olfato, a moralidade e a vergonha na cara são seletivas entre os governantes de Gigante Adormecido. A conta da corrupção não. Essa é sempre paga pelo povo, assim como o feijão, os pães de queijo e o cafezinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Havendo dificuldades na postagem dos comentários, o campo URL poderá ser deixado em branco.