Herdeiro. Que benção era herdar algo em tempos de crise. Um carro
velho. Meia dúzia de patos e galinhas. Um terreninho no subúrbio.
Ser herdeiro é praticamente uma glória nos dias atuais. Mas, herdar
um estado falido poderia se caracterizar como um desastre. Desastre
anunciado, calculado e presumido. E, o novo Herdeiro da Pampa
Farrapa, não pode alegar que não sabia. Não
sabia dos déficits? Sim, sabia. Não sabia dos descalabros na
administração pública? Sim, sabia. Não sabia que assumiria um
estado onde os gastos eram superiores as receitas? Sabia. Era
sabedor, desde a campanha, de que precisaria deixar a politicagem de
lado e administrar o problema como se um gestor, e não um
político, fosse? Sim, sempre soubera. Portanto, ao herdeiro
dessa pampa, não é permitido choramingar, é exigido que erga o
pescoço em meio a lama, e porte-se como o gestor que a
maioria de seu povo elegeu para administrar essa herança. Herança
que infelizmente é de todos os gaúchos.
E falhou o Herdeiro da Pampa Farrapa ao se fazer ausente no
primeiro, de muitos, anúncios lastimosos e desagradáveis a seu
povo. Falhou como homem. Falhou como político. E falhou
irremediavelmente como gestor. A um líder, escolhido por seu povo,
não é dado o direito de se portar como um invertebrado qualquer. Os penosos anúncios feitos por sua equipe eram esperados, mas
poderiam ser melhor digeridos, assimilados e tolerados, se saíssem
da boca daquele que representa a escolha da maioria do povo gaudério.
E o Herdeiro da Pampa Farrapa escolheu se ausentar. E, ausente
estando, tornou-se merecedor de descrédito, asco, revolta e
piadinhas.
Resta a nós, povo gaudério, aceitarmos as medidas duras,
indigestas, mas sabidamente necessárias. Arcarão, os dignos
funcionários de carreira, com o ônus de administrações
populistas. Arcaremos todos, com a herança maldita de governos
incompetentes. Mas, o atual herdeiro dessa pampa, que é de todos os
gaudérios, precisa arcar com suas responsabilidades. Precisa dar a
cara a tapa em momentos de revolta. Necessita vir a público mesmo
quando a plateia lhe é hostil. É preciso se fazer presente quando a
esperança dos gaúchos ameaça se fazer ausente. É o que se espera
de um homem. É o que esperamos de um líder. É o que se exige dos
eleitos. Se, o Herdeiro da Pampa Farrapa, não for capaz de olhar a
seu povo, olho no olho, e assumir nossas dívidas e suas dolorosas
soluções, não será, jamais, digno do povo que o elegeu. E essa
pampa, outrora orgulhosa e próspera, estará fada ao naufrágio, sem
um digno capitão que sirva de modelo a nossas façanhas, ou a nossa
premeditada derrocada. Que esse povo, que um dia se vestiu de luta,
possa contar com um líder que não abdique da honra. Honra e luta
estão no cerne dos gaudérios. Nos resta tão somente esperar um
líder merecedor desse povo. Que a espera não seja longa. O tempo já se
faz curto, e nossas esperanças também. Que o Herdeiro da Pampa
Farrapa, que se fez depositário das esperanças desse povo, se faça,
logo, merecedor de respeito.
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