terça-feira, 4 de agosto de 2015

O Herdeiro da Pampa Farrapa



Herdeiro. Que benção era herdar algo em tempos de crise. Um carro velho. Meia dúzia de patos e galinhas. Um terreninho no subúrbio. Ser herdeiro é praticamente uma glória nos dias atuais. Mas, herdar um estado falido poderia se caracterizar como um desastre. Desastre anunciado, calculado e presumido. E, o novo Herdeiro da Pampa Farrapa, não pode alegar que não sabia. Não sabia dos déficits? Sim, sabia. Não sabia dos descalabros na administração pública? Sim, sabia. Não sabia que assumiria um estado onde os gastos eram superiores as receitas? Sabia. Era sabedor, desde a campanha, de que precisaria deixar a politicagem de lado e administrar o problema como se um gestor, e não um político, fosse? Sim, sempre soubera. Portanto, ao herdeiro dessa pampa, não é permitido choramingar, é exigido que erga o pescoço em meio a lama, e porte-se como o gestor que a maioria de seu povo elegeu para administrar essa herança. Herança que infelizmente é de todos os gaúchos.
E falhou o Herdeiro da Pampa Farrapa ao se fazer ausente no primeiro, de muitos, anúncios lastimosos e desagradáveis a seu povo. Falhou como homem. Falhou como político. E falhou irremediavelmente como gestor. A um líder, escolhido por seu povo, não é dado o direito de se portar como um invertebrado qualquer. Os penosos anúncios feitos por sua equipe eram esperados, mas poderiam ser melhor digeridos, assimilados e tolerados, se saíssem da boca daquele que representa a escolha da maioria do povo gaudério. E o Herdeiro da Pampa Farrapa escolheu se ausentar. E, ausente estando, tornou-se merecedor de descrédito, asco, revolta e piadinhas.
Resta a nós, povo gaudério, aceitarmos as medidas duras, indigestas, mas sabidamente necessárias. Arcarão, os dignos funcionários de carreira, com o ônus de administrações populistas. Arcaremos todos, com a herança maldita de governos incompetentes. Mas, o atual herdeiro dessa pampa, que é de todos os gaudérios, precisa arcar com suas responsabilidades. Precisa dar a cara a tapa em momentos de revolta. Necessita vir a público mesmo quando a plateia lhe é hostil. É preciso se fazer presente quando a esperança dos gaúchos ameaça se fazer ausente. É o que se espera de um homem. É o que esperamos de um líder. É o que se exige dos eleitos. Se, o Herdeiro da Pampa Farrapa, não for capaz de olhar a seu povo, olho no olho, e assumir nossas dívidas e suas dolorosas soluções, não será, jamais, digno do povo que o elegeu. E essa pampa, outrora orgulhosa e próspera, estará fada ao naufrágio, sem um digno capitão que sirva de modelo a nossas façanhas, ou a nossa premeditada derrocada. Que esse povo, que um dia se vestiu de luta, possa contar com um líder que não abdique da honra. Honra e luta estão no cerne dos gaudérios. Nos resta tão somente esperar um líder merecedor desse povo. Que a espera não seja longa. O tempo já se faz curto, e nossas esperanças também. Que o Herdeiro da Pampa Farrapa, que se fez depositário das esperanças desse povo, se faça, logo, merecedor de respeito.

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