segunda-feira, 18 de maio de 2015

As agonizantes promessas de Poliana


 Saúde. Ah, a saúde. Mote fácil e batido das disputas em Horário Eleitoral. Como era simples prometer mundos e fundos para a saúde, reflete Poliana. Difícil era construir mundos quando faltavam fundos, constata a rainha. Se fora justamente a saúde que fizera com que Poliana conquistasse a coroa, poderia ser a falta dela que lhe faria tropeçar como rainha. O povo já andava cansado de suas desculpas. Depois de tantos anos enrolando seus súditos com o pronto atendimento de doentes, uma hora o humor dos crédulos iria se agravar e o povo começaria a cobrar pelo serviço prometido. Os bobos da corte sempre disseram a sua alteza que era só botar Vontade Política – a varinha de condão de Poliana – para funcionar, que tudo daria certo no final. E a monarca, como sempre, acreditara. Nunca fora muito boa em matemática ou economia, e seus bobos lhe garantiram que mesmo que os recursos vindos do poder central fossem insuficientes, quando chegasse a hora, Vontade Política e o alinhamento fisiológico colocariam o tão prometido serviço de saúde em funcionamento. Pois eis que a hora chegara! E não havia jeito de Vontade Política funcionar, desespera-se a rainha. Poliana já estava com os braços dormentes de tanto abanar a maldita varinha de condão, e nada de dinheiro cair do céu ou brotar nos buracos do asfalto. Poliana abanava, sacudia, girava, batia com Vontade Política nas cabeças de seus bobos, e o resultado era sempre o mesmo: a desgraçada não funcionava! Por mais que Poliana se esforçasse Vontade Política parecia não ser suficiente para garantir a prometida saúde a seu povo. Era preciso dinheiro. Muito dinheiro. E dinheiro não dá em cerca como chuchus ou jorra dos cofres públicos como em Horário Eleitoral, descobre tardiamente a rainha. E como desgraça nunca vem sozinha, até mesmo o alinhamento interestelar dera de falhar. Seus companheiros não pareciam nem um pouco dispostos a socorrer Poliana. Pior! Não pretendiam cumprir com a palavra dada e os repasses de recursos que haviam prometido. Alegavam, ora vejam, a falta de dinheiro. Ao que parecia, Vontade Política também dava problemas pelas bandas de lá. E pensar que em Horário Eleitoral dinheiro não era problema. Nem saúde. Quem mandara acreditar nas fantasias coloridas de Horário Eleitoral, censura-se a rainha, desanimada. Agora só restava à Poliana enrolar o povão, sabe-se lá por quanto tempo mais. E rezar! Rezar muito, para que tudo entrasse nos eixos e dinheiro começasse a chover em seu reino, antes, muito antes da próxima turnê ao fictício e paradisíaco mundo de Horário Eleitoral, onde saúde voltaria a ser o mote perfeito para coroar seu sucessor.  

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