sábado, 7 de março de 2015

FALA SÉRIO! O golpe dos diferentes


São todos iguais. Sempre foram assim. Desde Cabral. Não há remédio. Não há solução. Que estranha lógica rege esse país. Eles, todos eles, são eleitos por nós. Devem satisfação de seus atos, corretos ou fraudulentos, a nós, todos nós. E somos nós que devemos exigir que eles, todos eles, sejam diferentes. Devemos fazer isso através do voto. Podemos fazer isso manifestando publicamente nosso repúdio e insatisfação, constrangendo-os por serem o que são. Recursos perfeitamente aceitáveis em qualquer democracia.
Mas, no Brasil de hoje, quem pretender sair às ruas em manifestações de indignação com a corrupção e a imoralidade, é acusado de golpista. Golpe? É golpe bradar contra o roubo do dinheiro dos nossos impostos? É golpe demonstrar nossa revolta com a indecência e promiscuidade de nossos representantes? É golpe se indignar com a sangria da Petrobras? É golpe pressionar nossos governantes para que honrem suas responsabilidades para com seu povo? É golpe que descontentes com nossa presidente gritem por seu impeachment? É golpe exigirmos que eles, os iguais, sejam diferentes? Não. Não é. É nosso direito e, talvez, nosso dever. Nosso, dos diferentes deles.
Existem resquícios e descontentamentos da recente campanha eleitoral? Evidente que sim. Existem golpistas infiltrados, buscando surfar na onda de indignação? Evidente que sim. Existem iguais, tentando parecer diferentes? Evidente que sim. Mas é mais do que evidente, a qualquer um que se proponha a enxergar, que a insatisfação e a revolta são coletivas. Não tem cor. Não tem partido. Não tem líder. Não tem classe social, como tentam imputar alguns. Tem apenas indignação e inconformismo de uma parte significativa da sociedade.
Àqueles que alardeiam a ideia de que manifestações populares pedindo o impeachment da presidente são tentativas de golpe, cabe algumas singelas lembranças. Mesmo na remota hipótese de centenas de milhares de brasileiros irem às ruas pedindo a saída da presidente, nem mesmo assim, nossa presidente democraticamente eleita despencaria, da noite para o dia, da rampa do Palácio do Planalto. Não ocorreu assim no afastamento do ex-presidente Collor, também democraticamente eleito. Fato histórico, que aliás, nunca foi visto como golpe, e sim como exercício da democracia. Um impeachment é um recurso legal, previsto na Constituição Federal, e que requer critérios e trâmites plenamente democráticos e republicanos. Não se dá na calada da noite. Se faz à luz da Constituição. Não é golpe, portanto. Nem hoje, nem antes.
Aos que apelam pela intervenção militar: deixem as Forças Armadas onde estas devem ficar. Zelando por nosso território, nossa soberania e nos protegendo de inimigos externos. Os inimigos internos, que nós elegemos, são responsabilidade nossa. É assim que se faz um Estado Democrático de Direito. E não podemos perder o Estado de Direito de vista. Seria de uma indignidade e covardia extremada esperarmos que outros limpem a sujeira que, de uma forma ou de outra, é de todos nós brasileiros.
Quem pariu os iguais, que os embalem. Quem não os pariu, e os arrependidos, que os pressionem, de todas as formas legítimas, a andar na linha reta traçada por nós. E no próximo pleito, que lhes mostremos, todos nós, os diferentes, de um só golpe, a porta da rua.


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