Enfim,
um milagre! Na verdade, milhares deles, chamados votos, fizeram
renascer das cinzas a múmia decrépita e sonolenta que há anos
hibernava em berço esplêndido. Oposição finalmente acordara! Se
mexia. Respirava. Até bradava! E com que força e ânimo bradava. Um
fato cientificamente surpreendente que, após 12 anos em estágio
vegetativo, conseguisse se movimentar e se articular com razoável
coordenação. O povo mal conseguia acreditar em tal feito. Nem se
lembrava que Oposição ainda vivia. Afinal, o povo só conhecera
oposição vestida de vermelho e com estrelas nos olhos. Situação
estava aturdida. Democracia sorria satisfeita, pois Oposição viva e
ativa faria bem a todos. Ao povo, e principalmente à Democracia.
E
com que ímpeto e fôlego adentrava Oposição em campo. Os comatosos
anos de pasmaceira, negligência e omissão, pareciam ter, de fato,
ficado no passado. Oposição exigia ética e respeito ao dinheiro
dos contribuintes. Defendia a moralidade em Gigante Adormecido e o
combate intransigente a corrupção e a punição de corruptos. E o
respeito a Democracia. Gritava, como gritaram em outros remotos
tempos, companheiros e estrelas de primeira grandeza, contra a
manipulação traiçoeira e imoral das pessoas menos favorecidas de
futuros e esperanças e, necessariamente assistidas por benefícios
assistenciais. Criticava com ardor e legitimidade, o incentivo
asqueroso à luta de classes, etnias e convicções. Prometia lutar
pela liberdade de imprensa e a transparência com a coisa pública.
Defendia a autonomia dos poderes legitimados e instituídos.
Uma
Oposição golpista, é claro! Pregar um reino onde corruptos sejam
investigados e condenados. Onde pobres tenham estudo e emprego e não
necessitem de programas assistenciais. E onde todos, sem distinção,
sejam cidadãos iguais, de fato e de direito, sendo eles pobres,
negros, brancos, sulistas, nordestinos, índios, transexuais,
homossexuais, ateus, crentes, católicos, analfabetos ou doutores, é
puro idealismo golpista. E capitalista! Não existe justiça social
sem confronto e luta de classes. Sem apartheid, ódio e
intolerância. Sem nós, contra eles. Sem bons, contra os maus.
Assim nos ensinou a última jornada à Horário Eleitoral. Cabe a
renovada Oposição mostrar o contrário.
Que
Oposição saiba trilhar um caminho diferente. Que não abandone o
discurso da ética em troca de poucos parlamentares favores. Os
milhares de opositores, que hoje surgem em Gigante Adormecido, que
não se voltem contra os desfavorecidos, que por necessidades
diárias e urgentes, não podem abdicar do assistencialismo
cabresteiro, mas que serão sempre cidadãos dessa nossa pátria.
Pode-se questionar, suas consciências na hora do voto, mas sem
esquecer que a quem não é dada a dignidade da autonomia e
subsistência, não é coerente ou justo se cobrar ideologias e
consciência cívica. Ideologias e condutas morais e éticas devem
ser cobradas de nossos parlamentares, bem alimentados e remunerados.
E que mesmo assim, sendo de Situação ou Oposição, se vendem por
imorais bolsas de apadrinhamentos, mensalinhos ou mensalões. Que
essa Oposição, que ora surge, traga algum alento e crédito aos
milhões de cidadãos que não compactuam com a imoralidade e
frouxidão de caráter de seus governantes. Que seja forte,
destemida, combativa e digna da maioria do povo dessa terra. E que os
represente. Assim espera Democracia.
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