Poliana
estava exausta. Precisava urgentemente de férias. Férias de seus bobos, pajens,
assessores e apoiadores. Era tanta gente voando, feito moscas, sobre sua alteza
que seus majestosos ouvidos zuniam. Se sua corte já era grande antes, maior e
mais esfomeada ficaria com todas as novas e exigentes alianças que precisara
firmar para garantir seu lugar no trono. Mal retornara da desgastante turnê a
Horário Eleitoral e já precisava encarar mais uma interminável maratona de
negociações de carguinhos e poltronas. A ganância de seus novos e velhos aliados
fazia Poliana sentir saudades do humor sarcástico e acusador de Oposição. E pensar
que alguns dos cruéis críticos de seu reinado já tinham alertado sua alteza de
que assim seria. Pensando bem, seus invejosos e intolerantes críticos haviam
previsto várias falhas e deturpações da realidade que Poliana só fora conhecer
em Horário Eleitoral. Como será que essa gente detestável e sem escrúpulos conseguia
adivinhar os defeitos de seu espetacular e aclamado reinado? Deviam ter alguma
espécie de bola de cristal. Dessas que permitem prever o futuro. Magia negra,
com certeza. Poliana não conseguia pensar em outra resposta para uma pergunta
tão complexa. Talvez devesse questionar a seu amigo, doutor da retórica e da
manipulação de mentes e de interesses, o Alquimista. Mas o Alquimista andava
torcendo o nariz para a rainha. Também pudera. Poliana usara o velho, sua
sabedoria, seu até então inquestionável poder supremo, para chegar ao trono.
Por quatro anos tolerara seus conselhos, crises de estrelismos e exigências.
Sustentara - com recursos públicos, é claro - seus medíocres, descompromissados e pouco afeitos ao trabalho,
pupilos. Agora que Poliana conquistara novamente a coroa, fizera o que era
esperado de uma soberana: um pé na bunda do doutor! Pelo menos era o que
pretendia. Poliana andava gritando aos quatro ventos que extirparia definitivamente
com o velho mago de seu reinado. Com ele, e com qualquer influência sombria que
o ancião tentasse infiltrar nas entranhas de seu poder. Conseguir isso seria
tarefa árdua. Uma raposa velha, ainda era uma raposa. Ardilosa e traiçoeira.
Convinha a Poliana tomar cuidado. Será que seus novos, e mais convenientes
aliados, teriam força suficiente para sustentar a rainha em um confronto com o
temível e intimidador Alquimista? Esperava que sim. Poliana apostara todas suas
fichas nessa jogada. Tomara que não tenha escolhido o time errado. Caso contrário,
Poliana teria ainda mais saudades da perseguição impiedosa de Oposição. Quisera
a idade tenha abrandado o espírito vingativo do grande e poderoso Alquimista. -
pensa Poliana, sentindo um frio nas entranhas e dirigindo-se apressadamente ao
toilette.
Recadinho: Fique sabendo Poliana que tens que dar o devido respeito aos velhos... "...O DIABO NÃO É TEMIDO POR SER DIABO... É TEMIDO PORQUE É VELHO...". Cuidado, maltratar velhos da sete anos de azar... ainda mais que no TRT os Juízes são todos velhinhos.... e tem mais cuidado com o Papai Noel...
ResponderExcluirBOM !!!
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