sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A ofuscante estrela de Poliana


Poliana era aclamada pela multidão de militantes e apoiadores. Que maravilha ver toda essa gente alinhada com suas intenções. Eram tantas as pessoas verdadeiramente confiantes em seu reinado, que até Poliana se emocionava. Que espetáculo essa tal democracia! E como fora fácil iludir uma platéia tão esperançosa e carente de perspectivas. Um povo acostumado a futebol e circo, satisfazia-se plenamente com canchas de bocha e escorregadores, e esquecia com rapidez das imoralidades e desvios grosseiros de conduta. Esse era seu povo! Essa era a fórmula para se manter, eternamente, com as mãos firmes nas rédeas do poder. - pensa Poliana, satisfeita e exultante. Tivera sorte, admitia a vitoriosa rainha. Sorte de ter como adversária uma Oposição tão desmilingüida e raquítica. A sorte está do lado dos vencedores. Seus críticos teriam de engolir mais essa máxima e aturar Poliana por longos anos.
Agora era a hora de acomodar seus amigos. Amigos? A maioria queria comer o afamado fígado real. Que gente mais mesquinha e sem princípios! -  pensa a consagrada rainha - Teria de quebrar a coroada cabeça para acomodar tanta gente em seu reinado de oportunidades. Quantos glúteos para tão poucas poltronas! Alianças. Essas eram a fórmula perfeita para  chegar ao trono, mas também podiam se tornar o caminho mais rápido e pedregoso para se desestabilizar no poder. Mas antes de começar a acomodar os aliados, precisava acomodar seus próprios companheiros que planejavam cravar suas taquaras nas largas costas reais. Poliana já não sabia em quem confiar. Melhor não confiar em ninguém. O poder tinha um brilho mais intenso e sedutor que o da inebriante estrela de seu clã. Por poder e riquezas seus companheiros de enriquecedora jornada planejavam atraiçoar sua rainha. Poliana via-se em apuros. Se correr, Justiça pega, se ficar a companheirada come. Melhor pensar em um obstáculo por vez. Primeiro iria rezar aos céus para que a Justiça fosse tão cega, estúpida e cooptada como afirmavam seus defensores. Não seria nada fácil ludibriar a astuta Justiça, mas Poliana punha fé no poder de convencimento de alguns de seus importantes e bem relacionados amigos. Não seria essa Justiçinha metida a besta que poria fim no magnífico reinado de Poliana. Depois, só depois, daria um corretivo na companheirada. Colocaria cada qual em seu lugar. Tanto Justiça, quanto seus ambiciosos companheiros de clã precisavam aprender que Poliana pairava acima de todos, sustentada firmemente pelos acolhedores braços do povo.

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