Nunca antes na
história deste país um ex-presidente havia sido conduzido coercitivamente à
depor. As imagens e a repercussão na mídia, em época de informação em tempo
real, correram o país de norte a sul e atravessaram o mundo. As críticas a
decisão do juiz que determinou a condução coercitiva foram muitas, e críticas à
atuação do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal, devem e
precisam ser feitas e debatidas em uma democracia. Tudo está em seu lugar,
portanto. Mas algumas coisas, assustadoramente destoam do debate democrático e
republicano de um país que pretende amadurecer. Não podemos mais fugir do
debate da moralidade. Não cabe mais ao Brasil continuar se iludindo com a
imagem de um país de povo alegre e hospitaleiro, de belezas naturais, geografia
privilegiada, futebol arte e festividades populares de desbundar estrangeiros. Precisamos
discutir moralidade. E a figura de nosso ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
nos convida, coercitivamente, a essa discussão. São vários, e inegáveis, os
méritos de Lula enquanto Presidente da República. Só mesmo os muito extremistas
e contrários a sua pessoa e seu partido são capazes de não reconhecê-los. Lula,
ao contrário do que ele cafajestemente propala, não está sendo investigado ou
chamado a se explicar por seus méritos enquanto presidente. Lula, está sendo
interrogado e investigado por seus deméritos. Por suspeitas, até então, de
receber favorecimentos incompatíveis e injustificáveis com os valores
republicanos.
A militância
petista, conclamada por Lula, tem total direito de defender seu ídolo,
depositário de suas esperanças, sonhos e ideologias, por seus méritos como
líder e ex-presidente. Mas, os militantes, pagos ou não, perdem totalmente o
crédito, a dignidade e a honra, ao defenderem Lula em seus suspeitos atos de
imoralidade e de enriquecimento duvidoso, dele e de seus filhos. Não é tênue a
linha entre moralidade e retidão. Não são insignificantes os limites entre
caráter e desfaçatez. São conceitos simples e que se aprende na infância. Não
necessitam de grande intelecto ou engajamento político. Todos sabem o que é
moralidade, até mesmo os desprovidos dela.
Aqueles, como
o próprio Lula - cada dia mais patético, megalomaníaco e ridículo, jogando na
latrina os antigos méritos seus - que atacam os poderes constituídos como o
Judiciário, e que tentam encobrir suas imoralidades com acusações pueris de
golpe e perseguição política, não são militantes, são imorais assumidos.
Ultrapassaram a linha da moralidade. Optaram pelo desonroso, mas algumas vezes
lucrativo, caminho da falta de vergonha, caráter e brio. Esses militantes, que
se assumem, sem qualquer constrangimento como imorais, são dignos de pena, asco
e desprezo, como de asco e desprezo é digno, cada dia mais, seu messias, Luiz
Inácio Lula da Silva. Os militantes petistas que defendem seu líder por seus
méritos, e o condenam por seus erros, são cidadãos, não cadelinhas adestradas.
São dignos de respeito. São republicanos. Os outros, ah os outros, são pequenos,
tão pequenos e medíocres quanto seu líder tem se mostrado. São imorais com
muito orgulho. São o que são, sem qualquer constrangimento.
Muito mais
admiráveis que aqueles que discursam pela moralidade, são aqueles que não
demonstram qualquer sombra de constrangimento em defender a imoralidade
explícita. Em defender as indignidades e ilicitudes de seu líder. Em se prestar
ao indigno e melancólico papel de ir às ruas defender “O que não tem vergonha,
nem nunca terá. O que não tem governo, nem nunca terá. O que não tem juízo”. (Chico
Buarque, O que Será – à Flor da pele).
Vocês, os
imorais assumidos e sem constrangimento, vão passar. O Brasil é maior que
vocês. E o Brasil, pode até não saber, mas é muito mais que samba, carnaval,
futebol e corrupção. O Brasil é um país onde se aprende na infância o que é
moral. E aos imorais, mesmo que num futuro longínquo, será apontado seu lugar.
A sarjeta. E haja sarjeta para tanta imoralidade. Faltará bandeiras vermelhas e
gente para empunhá-las.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Havendo dificuldades na postagem dos comentários, o campo URL poderá ser deixado em branco.