Um
apagão imobilizou nossa seleção e calou milhões de torcedores
Brasil afora. Derrota futebolística que ficará para sempre na
memória dos brasileiros. Um dia que entrou para a história dos
mundiais. Derrota do Brasil? Não. Derrota do futebol e da seleção
brasileira. Nada além disso. Aos brasileiros sobraram os tão
alardeados legados da copa. O maior legado que o nosso desempenho
fracassado no futebol poderia deixar ao povo, seria um clarão de bom
senso e senso crítico. Sonhos, esperança e ilusões, não são
capazes de tornar um time com desempenho mediano campeão. Sonhos,
esperança e ilusões, não serão, jamais, capazes de tornar um país
medíocre em uma Nação evoluída e digna de verdadeiro orgulho. É
preciso técnica, esforço, planejamento e competência. No futebol
e nos governos. O Brasil provou que é capaz de organizar um evento
mundial com qualidade. Seu povo provou, mais uma vez, ser um povo
acolhedor, cordial, alegre e hospitaleiro. Nossos governantes
comprovaram que é possível garantir uma segurança pública
eficiente. Pelo menos aos turistas e nas cidades sede. Enfim,
desempenhamos com louvor o papel ao qual nos propusemos: fomos ótimos
anfitriões e patrocinadores de um espetáculo da FIFA. Tão somente
isso.
O
que resta agora aos brasileiros, terminada a Copa das Copas? A mesma
velha realidade de poucas semanas atrás. As prometidas melhorias em
hospitais, rodovias, transporte público e aeroportos, não vieram. E
não virão. Eram só sonhos e ilusões. As temidas manifestações
populares que envergonhariam e desestabilizariam governos, não
aconteceram. Eram só teorias conspiratórias. As influências da
copa nos pleitos de outubro, não ocorrerão. São só análises
passionais e desprovidas de fundamento.
Ao
mergulharmos novamente na realidade, padrão Brasil, nos cabe
refletir em que momento nos deixamos convencer que precisávamos
trazer um evento mundial ao país, para conseguirmos que nossos
governantes se dispusessem a executar melhorias estruturais básicas
e necessárias ao nosso povo. Quando nós, todos nós brasileiros,
passamos a entender, e aceitar, que somente os holofotes da mídia
internacional são capazes de fazer com que os líderes, eleitos por
nós, demonstrem um mínimo de esforço no sentido de investir o
nosso dinheiro em obras importantes a seu povo, é sinal de que quase
tudo está desmoronando. Mesmo que menos da metade das obras
prometidas tenham sido concluídas, se foram executadas para a copa,
por que não foram executadas antes, e para nós, que as
patrocinamos? As nossas necessidades não são importantes ou vistas
como prioridades por aqueles que nós elegemos. As dos turistas
estrangeiros sim. Para nossos representantes seremos sempre
vira-latas, prontos a agradecer e nos contentar com parcos ossos
descarnados. Vira-latas alegres, festivos e simpáticos, que não
fazem feio aos olhos do mundo. Ao que parece, as demais obras
inacabadas ou que sequer saíram do papel, serão engavetadas por
décadas, a espera de um novo mundial que sirva novamente de estímulo a nossos
governantes, já que os anseios e necessidades de seu povo não
servem de estímulo algum. Servem apenas para, a cada quatro anos,
conquistarem votos. Vendendo sonhos, esperança e ilusões, que se
terminam em um simples apagão.
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