Se no reino de Poliana as coisas andavam tranquilas e a
popularidade de sua alteza se mantinha intocada e reluzente, o mesmo não
ocorria na República dos Pampas. O Herdeiro da Pampa Pobre agora dera de se
lamuriar com a desastrada situação econômica de sua imensa estância. Vontade
Política, sua famosa varinha de condão, idêntica a de Poliana, parecia não
querer funcionar por esses pagos também. Quanta coincidência! Vontade Politica
só produzia milagres em Horário Eleitoral. Problemas de configuração, com
certeza. Talvez devessem pensar em fazer um recall. O Herdeiro da Pampa Pobre
já desenvolvera uma bursite de tanto agitar Vontade Política e não conseguira
fazer com que o piso se transformasse em teto. Como efeito colateral ainda
conseguira transformar tradicionais e catedráticas aliadas, nas mais temidas e
barulhentas inimigas. Quanta saudade dos tempos das pedras e bandeiras. Ser
vidraça mudava consideravelmente a visão das coisas. Só uma coisa permanecia
imutável: a presença desagradável e alienante da reacionária e elitista
Imprensa Livre! Criaturinha cansativa e desprezível. Fonte de todas as dores de
cabeça do perseguido Herdeiro. Era urgente um processo de regulação da mídia. A
forma como as coisas estavam sendo expostas não podia continuar. Imprensa Livre
defendia interesses e transmitia uma visão ideológica ao povo, e isso era
inaceitável. Principalmente quando os interesses e ideologias colidiam
frontalmente com os seus. Somente com o controle da liberdade de expressão e de
pensamento é que a democracia pode avançar. Tudo perfeitamente lógico e
coerente. Só quem pensa ou lê jornais é que não consegue compreender. Liberdade
de opinião sempre fora uma romântica e convidativa bandeira dos tempos de pedra.
Como a valorização dos professores. Alegorias apenas. Feitas para serem abandonadas
e esquecidas assim que se chega ao poder. Só os tolos, os esperançosos, e os
sofridos professores, é que não entendiam. Culpa de Imprensa Livre que não
deixava que seu povo esquecesse as baboseiras que proferira em Horário
Eleitoral. Mídia golpista! Pretendia desestabilizar seu já insustentável
discurso e seu governo alicerçado em hipocrisia. Para resolver esse dilema recorreria a velha e
boa tática da luta do bem contra o mal. Todos os problemas só estavam lá por
que Imprensa Livre os mostrava. Portanto, Imprensa Livre era um monstro criador
de problemas! Simples assim. Era urgente que se acorrentasse o monstro. Seu
povo clamava por isso, só a maniqueísta e tendenciosa Imprensa Livre é que não
divulgava. Pena que Democracia ainda respirava por esses pagos. Culpa de
Imprensa Livre também, criaturinha asquerosa. Na impossibilidade de calar de
vez a megera, lançaria um projeto de democratização da mídia. Tudo muito
democrático. Todos teriam direito a voz. Desde que fosse a mesma voz. Conseguir-se-ia
assim, o ideal libertário do pensamento único. A exemplo da tão sonhada e
invejada democracia bolivariana. Quando esse ardiloso e bem intencionado
projeto tiver êxito, todos serão felizes nesse glorioso pampa. Como em Horário
Eleitoral. Até os professores se refestelarão satisfeitos no piso. Se alguém,
por ventura ou miopia crônica, vier a discordar, bastará ligar a TV. Se a
dúvida persistir, mude de canal e tudo ficará claro e límpido, como as
democráticas boas intenções do Herdeiro da Pampa Pobre e sua turma.
Q criatividade, a gente vai lendo e imaginando os personagens, vc consegue caracteriza-los mto bem... Nossa, isso e um desafio, na verdade e um exercicio q a neurociencia deveria indicar p as pessoas. Demais!! Bjs :)
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