Uma sudorética e esbaforida Poliana adentra na torre,
jogando-se pesadamente no divã. No seu rastro o velho séquito de companheiros e
vassalos, carregados de bandeiras, faixas e adereços.
- Meus sais! – ordena a degolada, mas sempre imperativa
Poliana - Quero os meus sais! E uma bacia de água fria para meus pezinhos.
Estou com os dedinhos em carne viva. Maldita hora que fui aceitar essa
missão ingrata. Onde é que eu estava com a cabeça? De esplendorosa rainha
passei a dama de companhia do songa-monga do Golesminha. Nunca achei que eu
chegasse a descer tanto na vida. - resmunga a rainha deposta, massageando os
pés doloridos pelas andanças no reino.
- Não reclama Poliana, não pode ter sido tão ruim assim. –
contemporiza o Espelho Mágico.
- Ruim?! É um calvário, isso sim. O Golesminha não engrena,
não adianta. É tão vaselina que escorre por entre o povo e se esparrama no
asfalto. Por falar em asfalto, de quem
foi a ideia de colocar todo aquele piche e pó de brita nas ruas? Olhem só os
meus sapatos?! Uns Scarpin salmão, novinhos
em folha! Agora parecem umas plataformas com tanto piche e brita, grudados. E o
meu terninho, então? Todo empoeirado. Eu tô a legítima rameira de beira de
asfalto. Que decadência meu Deus! Logo eu, sempre tão elegante e glamourosa. –
lamuria-se a antiga rainha, com as os olhinhos de biscuit borrados.
- É um sacrifício necessário, gloriosa Poliana. Só seu
carisma pode neutralizar a antipatia nata de nossa estrela escolhida para lhe
substituir no trono, o companheiro Golesminha. – adula o Espelho Mágico.
- Estrela coisa nenhuma, o sujeito é um meteoro em rota de
colisão com o solo. Alias, do jeito que andam as ruas do reino deve ter havido
alguma chuva de meteoros nos últimos dias. Nunca vi tantos buracos! O que vocês
fizeram na minha ausência? Não faz nem vinte dias que eu fui deposta e vocês já
deixaram o reino uma buraqueira e imundice só. Nos tempos da rainha Poliana as
coisas eram bem diferentes! Eu disse que não deviam ter dado a coroa, mesmo que
provisoriamente, para aquele fedelho inexperiente do nosso clã. No mínimo ele deve
ficar jogando videogame enquanto o reino vem abaixo e os buracos tomam conta
das ruas. – acrescenta com o queixinho empinado do mais legítimo despeito - Tem
buraco até nas lombadas! Tem buraco dentro de buraco! Pobre dos contribuintes.
Vocês sabem quanto nós, pobre mortais, pagamos de impostos?
- Os buracos que você conheceu hoje Poliana, estão aí há
anos. – informa Líquen, menos amorfo e mais enfezado que de costume - Foram
regados e cultivados com afinco durante todo o seu democrático e participativo
reinado, querida. Você só não os viu antes porque na sua redoma blindada tinha
carpete e quando você visitava a periferia nós lhe carregávamos no colo. Bem
vinda a Mundo Real companheira! – arremata o companheiro de clã.
- Ai que saudades de Horário Eleitoral! - suspira Poliana
nostálgica - Até isso Justiça me tirou só para me castigar. Megera, intransigente
e asquerosa! E maldito o idiota estúpido que inventou esse tal Estado Democrático
de Direito. Deviam colocar esse cretino na cadeia, isso sim.
- Boa idéia. Nós estamos trabalhando nisso também, mas é um
pouco complexo e precisamos de mais tempo. Primeiro temos de amordaçar Imprensa
Livre, depois acorrentar Democracia e aí sim, aniquilar o Estado Democrático de
Direito. Nosso clã espera alcançar essa meta nos próximos anos, é só ter
paciência. – afirma Líquen, com a convicção dos que circulam há anos entre os
ratos mais ardilosos do grande clã, na sede do poder central. - Enquanto esse
dia não chega e Democracia ainda sobrevive, temos de dar um jeito de fazer o
companheiro Golesminha emplacar. Como foram as peregrinações de vocês hoje?
Conseguiram arrebanhar muita gente?
- Que nada. O homem é sofrível, não tem objetivo. Não tem
visão de rei. Vive preso no passado, nos tempos daqueles nossos discursinhos
enfadonhos de proletário explorado. Falta foco. Foco! Não se concentra. Cada
vez que passamos por uma grande empresa ou mesmo um botequim, enfim, qualquer
lugar que faça a economia do reino girar, o homem tem um ataque. Corre logo
para primeira fechadura que encontra e fica na espreita.
- Fechadura? Vai dizer que o Golesminha sofre de voyerismo?
Eu sempre achei ele meio mosca morta...
- Que voyerismo que nada. Ele sofre é de companheirismo, isso
sim. Adora colocar golesminha nas fechaduras para impedir trabalhador de
trabalhar. Você sabe que ele tem aquele velho cacoete de nosso clã de achar que
o lucro é o oitavo pecado capital. Desde que o lucro não seja nosso, bem
entendido.
- Precisamos disfarçar essa tendência dele mais para o
Capital que para o Capitalismo. Não podemos assustar o empresariado em uma hora
dessas. – preocupa-se Líquen
- É verdade. O reino já anda uma decadência. Já pensou se
quem trabalha, investe por aqui e faz a economia crescer resolver ir em bora?
Vai sobrar só a gente. Daí quem vai nos sustentar? – acrescenta um militante da
FarsaSindical, assustado.
- Temos que dar um jeito no Golesminha, ele precisa
endireitar, literalmente, sua postura. Adotar um discurso mais moderado e
definitivamente, nada de tumulto em porta de empresa. - comanda Líquen,
decidido.
- Impossível. Ele é um autêntico membro do nosso clã:
completamente alienado. Só tem meia dúzia de palavras no seu repertório, que
ele repete há décadas: exclusão, opressão, exploração, reacionário, elites
dominantes, donos do poder, etc... Não tem como ele mudar o dialeto ortodoxo em
apenas poucas semanas. Desistam. – afirma Poliana, estirada em seu divã,
demonstrando pouco caso com o dilema do grupo.
- Então eu só vejo uma alternativa. – anuncia o sempre
articulador, Líquen – Você, novamente, será nossa salvadora, adorada Poliana.
Sim! Isso, mesmo. Nem adianta questionar. Seu futuro e a segurança de que
nossas travessuras no poder continuarão acobertadas, dependem da ascensão do
Golesminha ao trono.
- Eu faço o que posso, Líquen! Mas apesar de ser praticamente
uma popstar, eu ainda não faço milagres! – indigna-se a antiga monarca.
- Nós não vamos precisar de milagre. A resposta esta nas
escrituras de nosso clã. – responde Líquen, o aprendiz de mensaleiro – Vamos usar
a velha arma em que nosso companheiro Golesminha é mestre.
- Uma foice? Eu não vou muito com a cara, nem com a franja
dele, mas também não precisa exagerar Líquen! De degolada já basta eu em nosso
clã. – alarma-se Poliana.
- Nada de Foice. O Golesminha sempre foi mais sorrateiro.
Vamos usar Super Bonder! Na boca
dele. De agora em diante, você Poliana, fala por ele. Ele não abre mais a boca.
Só balança a cabeça concordando. Com sua lábia, seu carisma e o Golesminha de
boca colada o negócio vai deslanchar!
- Ha, não! O que mais falta me acontecer? De monarca dinâmica
e invejada, virei ventriloco do pegajoso Golesminha. Tudo por causa daquelas
porcarias de impressos. É o meu fim! Tragam os meus sais! Meus sais! –
teatraliza Poliana sem nunca perder a majestade.
Anacleto na cabeça, pesquisas favoráveis, pois a rejeição do opositor é grande, além do mais o povo lembra como ficou Erechim no fim do mandato do mesmo. Chamam o povo de burro por votar no Pt, mas engraçado o Mantovani ganhou em grandes 4 urnas em toda cidade,sendo que no centro onde há pessoas mais esclarecidas Polis perdeu em somente uma urna no mais ganhou em todas e muito bem por sinal. Agora lhe digo Schimidt no centro tem rejeição total praticamente é só ver na última em que ele foi candidato não fez mil votos, nos bairros vai dividir votos com o Anacleto então é tchau, além do mais que têm partido que se vendeu por uma secretária por não ter nome para colocar, sendo que o nome anterior só não ficou em terceiro por 600 votos como falou Rodrigo Finardi,pois quase perdeu para os brancos e nulos. Espera e confira quem irá vencer.
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