quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Os mascotes de Poliana



Poliana sorria extasiada, era puro contentamento. Fizera bonito na foto. Nos últimos dias se dedicara inteiramente a candidatura de seus dois preciosos mascotes: Pavão e Torresminho. Precisava mostrar a seus opositores que tinha força para fazer seus pupilos emplacarem. Poliana sempre fora muito engajada e adorava posar para fotos. Sempre soubera que nascera para brilhar, por isso espalhara no reino cartazzes (há, sempre os cartazzes!!) seus ao lado de seus protegidos. Poliana, a fotogênica, ficara muito meiguinha junto a seus dois bibelôs, com seus brilhantes olhinhos de biscuit e sua coroa de estrelas.
Agora, passado o sufoco, podia confessar que tivera certo receio de que o lobby de que Pavão e Torresminho eram fruto da agricultura e da terra fizessem com que os mesmos permanecessem enraizados ao solo feito mandiocas. Infelizmente, Pavão caiu desasado, atingido pelo fogo amigo de alguns companheiros. Pobre Pavão, o que seria dele agora? Apesar de posar de agricultor, há muito não plantava uma reles mandioca. De irrigação só conhecera os rios de privilégios parlamentares que encheram por anos sua conta bancária e, é claro, a de seu clã. Da criação de porcos ficara apenas a lembrança do cheiro e da lama onde chafurdam muitos de seus amigos e companheiros de panfletagem. Não tinha domínio algum de pecuária, embora adorasse uma teta. Já sentia na alma a saudade pungente da velha e boa vaca Pátria, com suas turgidas e inesgotáveis tetas capazes de alimentar as insaciáveis bocas de mensaleiros, sanguessugas , aloprados e, é claro, os vorazes petralhas. Como Pavão conseguiria passar dias e dias em sua província sem receber uma mísera diária? Como poderia se vestir adequadamente sem auxílio paletó e se deslocar pelo reino sem receber vale combustível? Que vida dura e cruel teria seu fiel amigo. Alguma coisa precisaria ser feita para compensá-lo da ingratidão de seu povo.
Poliana, sabedora da forte e incorruptível união fraternal e desinteressada existente em seu clã, tinha certeza que seu amigo Traço Gêmeo daria um jeito na difícil situação de seu (deles), velho companheiro de ócio e panfletagem. Seu clã não poderia permitir que um dos seus tivesse que trabalhar como o resto da plebe de otários que sustentam com o suor da labuta as mordomias em seu reino. Seria o fim dos tempos! Conseguiria Pavão, um singelo carguinho e uma licença inutilidade pelos próximos anos, permitindo o merecido apoio nessa difícil fase de transição e desmame. Companheiro é pra essas coisas, oferecer uma tetinha a um parceiro em dificuldades.
Já Torresminho, quanta felicidade! Que linda figura faria ao representar o clã e o reino. Poliana sempre soubera que havia conteúdo dentro d’aquele corpinho. Embora, a exemplo de Pavão, não fosse muito chegado ao trabalho, tinha as mãos calejadas de abanar bandeirinhas e sabia como poucos fazer cara de pobre e sofredor homem do campo. O povo, e os eleitores, adoram um semblante sofrido e um português sofrível. Era certeza de sucesso eleitoral. Poliana agora dormiria tranqüila, certa de que se manteria no reinado por longos e lucrativos anos.

4 comentários:

  1. Será q haverá "pessoa com rosto de desnutrida" no segundo turno apoiando o bolsa familia e a licença PTernidade ou teremos o prazer de SERRAr a boca dessa gente inutil q so quer dar aos pobres e nao tem vontade nenhuma de trabalhar.

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  2. Como sempre tu tens razão. Vamos esperar para ver no que vai dar mais este governo dos PTralhas

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  3. Que mimoso o Torresminho! Adorei amiga.

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