A Rainha Mãe, cujas dificuldades
e competências na administração do reino, por muitos eram sabidas há tempos, e
por todos já são sentidas agora, inova mais uma vez. Terceirizara seu governo
definitivamente ao Ilusionista, que sequer fazia parte de sua corte oficial. Um
novo sistema de governo estava posto. Mais uma jabuticaba local. Uma luxuosa suíte
de hotel é a nova sede do poder do reino, onde membros do parlamento
sorrateiramente entram para se vender, e o maior baluarte da moralidade, a
todos está disposto a comprar. Quarto de hotel... troca de favores por
dinheiro... O poder em Gigante Adormecido nunca esteve tão declaradamente perto
do que sempre fora: uma verdadeira casa de tolerância. E o grande, e
inquestionável Ilusionista, prometia a seus seguidores não decepcionar como
cafetão. Era o que dele esperava sua constelação de estrelas, para quem a
cafetinagem com dinheiro público é só um meio de atingir os seus fins. E os
seus fins, eles garantem, são mais limpos e dignos que os de qualquer outros.
Quem discordar é golpista, com absoluta certeza.
E, em poucos dias, o futuro de
nossa monarca estaria selado. O povo de Gigante Adormecido aguardava ansioso
para, finalmente, saber quem são as messalinas e michês da casa de tolerância
da Rainha Mãe. O administrador do local, já é bastante conhecido. A quem ainda
não se vendeu, restam poucos cargos e ministérios e alguns milhões de dinheiro do povo. E o tempo é curto! Corram
enquanto há tempo! Não vai ter golpe, vai ter propina! – gritam os defensores
da imoralidade institucionalizada, sem um sopro de vergonha. Eles estão certos.
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