Em Gigante Adormecido surge uma terrível ameaça aos companheiros.
Uma criatura horrenda e assustadora tira o sono e a paz de espírito
da companheirada. Nem Justiça, com a espada rente ao pescoço de
conhecidas figuras do clã estrelado, causara tanto temor e
desconforto. Delatores revelando vultuosas cifras desviadas dos
cofres públicos tornavam-se preocupações pequenas frente esse novo
e implacável adversário. Até o rebelde e poderoso presidente do
parlamento era café-pequeno. O inimigo número um do exército
vermelho pairava ameaçadoramente sobre Gigante Adormecido.
Seria cômico se não fosse demasiadamente ridículo, ver a
companheirada a tal ponto indignada. Indignada não com os ilustres
membros de seu clã, atolados até as orelhas em corrupção.
Imoralidade, propinas e roubo do dinheiro do povo não eram capazes
de causar um pouco de rubor aos seguidores da estrela. Uma onda de
indignação e revolta na companheirada precisava de uma motivação
mais forte e ultrajante, como essa nova fera asquerosa que os
ameaçava. Um boneco inflável fora declarado o inimigo mais odiado
dos companheiros. Pixuleco, a besta. Os adoradores da besta que
inspirara a caricatura de borracha, mobilizavam-se raivosamente na
tentativa de aniquilar o famigerado boneco. Nas redes sociais
conclamavam seu exército para atentar contra a integridade inflável
da sarcástica criatura. Até mesmo o messias da companheirada, o
Ilusionista, tirara as barbas de molho e resolvera rivalizar, em
nota, com seu oponente. O boneco silenciou. Sinal da falta de
substância de suas vísceras e ideologias, acreditam piamente os
companheiros.
A companheirada, em clara demonstração de caráter autoritário e
antidemocrático, buscava todas as formas de impedir o direito de ir
e vir, ou simplesmente pairar no céu, de Pixuleco. É poluição
visual, argumentavam os membros do clã. Ocupação indevida de
espaços públicos, tentavam defender os assessores pagos com
dinheiro do povo. Enquanto os companheiros debatiam-se abobalhados
tentando derrubar a caricata criatura, Pixuleco flutuava imponente
nos céus de Gigante Adormecido. Os militantes mais ensandecidos e
paranoicos eram capazes de enxergar um debochado sorriso de escárnio
no rosto borrachudo. Os companheiros, enfim, encontraram um
adversário à altura de suas ideologias vazias e caráter rarefeito.
Um boneco de borracha, com as entranhas recheadas de gás, era capaz
de fazer tremer o pitoresco mundinho da companheirada. Nunca antes na
história de Gigante Adormecido, a imbecilidade mostrara-se de forma
tão deprimente. Pixuleco, a besta inflável, tornara-se o novo
símbolo da falta de cerne e senso de ridículo dos companheiros. O
humor, como quase sempre, mostrava-se o pior inimigo dos medíocres.
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