segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Pixuleco, o monstro inflável


 Em Gigante Adormecido surge uma terrível ameaça aos companheiros. Uma criatura horrenda e assustadora tira o sono e a paz de espírito da companheirada. Nem Justiça, com a espada rente ao pescoço de conhecidas figuras do clã estrelado, causara tanto temor e desconforto. Delatores revelando vultuosas cifras desviadas dos cofres públicos tornavam-se preocupações pequenas frente esse novo e implacável adversário. Até o rebelde e poderoso presidente do parlamento era café-pequeno. O inimigo número um do exército vermelho pairava ameaçadoramente sobre Gigante Adormecido.
Seria cômico se não fosse demasiadamente ridículo, ver a companheirada a tal ponto indignada. Indignada não com os ilustres membros de seu clã, atolados até as orelhas em corrupção. Imoralidade, propinas e roubo do dinheiro do povo não eram capazes de causar um pouco de rubor aos seguidores da estrela. Uma onda de indignação e revolta na companheirada precisava de uma motivação mais forte e ultrajante, como essa nova fera asquerosa que os ameaçava. Um boneco inflável fora declarado o inimigo mais odiado dos companheiros. Pixuleco, a besta. Os adoradores da besta que inspirara a caricatura de borracha, mobilizavam-se raivosamente na tentativa de aniquilar o famigerado boneco. Nas redes sociais conclamavam seu exército para atentar contra a integridade inflável da sarcástica criatura. Até mesmo o messias da companheirada, o Ilusionista, tirara as barbas de molho e resolvera rivalizar, em nota, com seu oponente. O boneco silenciou. Sinal da falta de substância de suas vísceras e ideologias, acreditam piamente os companheiros.
A companheirada, em clara demonstração de caráter autoritário e antidemocrático, buscava todas as formas de impedir o direito de ir e vir, ou simplesmente pairar no céu, de Pixuleco. É poluição visual, argumentavam os membros do clã. Ocupação indevida de espaços públicos, tentavam defender os assessores pagos com dinheiro do povo. Enquanto os companheiros debatiam-se abobalhados tentando derrubar a caricata criatura, Pixuleco flutuava imponente nos céus de Gigante Adormecido. Os militantes mais ensandecidos e paranoicos eram capazes de enxergar um debochado sorriso de escárnio no rosto borrachudo. Os companheiros, enfim, encontraram um adversário à altura de suas ideologias vazias e caráter rarefeito. Um boneco de borracha, com as entranhas recheadas de gás, era capaz de fazer tremer o pitoresco mundinho da companheirada. Nunca antes na história de Gigante Adormecido, a imbecilidade mostrara-se de forma tão deprimente. Pixuleco, a besta inflável, tornara-se o novo símbolo da falta de cerne e senso de ridículo dos companheiros. O humor, como quase sempre, mostrava-se o pior inimigo dos medíocres.

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