sábado, 10 de novembro de 2012

A Encurralada Poliana


A nova edição de seu glorioso reinado ainda nem se iniciara e Poliana já se via pequena frente a tantos egos inflados e tanta sede de poder. Poliana bem sabia que seus bobos eram uns mortos de fome gananciosos, mas se as coisas continuassem nesse ritmo comeriam uns aos outros em curto espaço de tempo. Era preciso preservar o precioso fígado real. Poliana precisava ter cuidado. Não podia dar as costas a ninguém. Nunca se sabia de onde viria a primeira punhalada nas costas. Ai que saudades sentia dos famosos chutes nas canelas dados por Oposição. Comparadas as estocadas traiçoeiras de seus companheiros e aliados, Oposição fora quase um anjo de candura. A própria rainha, para garantir seu lugar no trono, fizera tantas falsas promessas de apoio e carguinhos, tantas articulações desprovidas de solidez e concretude, que agora encontrava-se baratinada para juntar tantas pontas soltas nessa enorme teia de interesses e interesseiros.
Mal sabia ela, a quase sempre alienada rainha, que a maior disputa hoje em seu reino seria por sua sucessão. Poliana mal conquistara o Troféu Popularidade, conseguindo manter a coroa em sua cabeça, e seus aliados já se engalfinhavam em quase sangrenta batalha para ver quem ficaria com o trono depois que a carismática rainha se aposentasse. A firme e sólida aliança que prometia dar sustentação a sua majestade nos próximos anos de reinado dava mostras de tornar-se uma perigosa argola em seu focinho. Ou uma incomoda coleira em seu delicado pescoço. Conseguirá nossa destemida e corajosa rainha driblar os grilhões e amarras impostos por seus parceiros e confrades? De onde virá o primeiro golpe que poderá desestabilizar sua alteza? Será um tiro certeiro e frontal dado pela impiedosa Justiça? Ou um tiro vindo do escuro, de trás de algum arbusto, de algum camuflado aliado real? Quem sabe alguma armadilha mais ardilosa, arquitetada por poucas cabeças matreiras dentro do nobre e rico seio de seu clã? De uma coisa Poliana tinha certeza, precisaria bem mais do que carisma e popularidade para escapar ilesa dessa vez. Com muito jogo de cintura, centenas de carguinhos, milhares de recursos públicos e muita lábia e articulação conseguiria sair desse jogo com apenas alguns arranhões. “Apenas por precaução, melhor dormir de armadura de agora em diante.” – pensa a eternamente confiante e otimista Poliana.

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