domingo, 13 de novembro de 2011

O Império Contra Ataca


Poliana tentava enxergar através do espesso vidro de sua redoma o trabalho de decoração para as festividades natalinas que se aproximavam. Poliana adorava os preparativos para as festas. Seu povo parecia mais sonhador e crédulo que no resto do ano. Tudo ficava mais colorido e fantasioso, tão parecido com Horário Eleitoral! Poliana já andava farta de Mundo Real. Por aqui só havia queixas, intrigas, chuva, calor e, é claro, buracos no asfalto. Além da odiosa Imprensa Livre que por pura falta de sorte dela, Poliana, ainda não se sufocara com sua própria língua ou veneno. Até mesmo seus súditos pareciam mais alegres e bonitos em Horário Eleitoral. Aqui em Mundo Real o cheiro é diferente e não há photoshop. O pior de tudo é que nesse maldito lugar as pessoas podem dizer o que pensam e ela Poliana, a soberana absoluta do reino, dona de todas as certezas, tinha que ouvir as críticas calada. Calada! Como se aceitasse tudo com grande dignidade e fazendo cara de quem peidou no elevador lotado. Mas Poliana contava com seu exército de fiéis seguidores para vingar sua honra difamada por críticos desumanos e cruéis.
- Agora sim, ela vai se borrar de medo! – anuncia efusiva a presidente do SindiPelego
- Dessa vez nós conseguimos assustar a criatura asquerosa, companheiros. – brinda erguendo o copo de chopp um membro do MSTT (Movimento Só Tramóia e Trago).
- Será que não fomos longe demais? Vai que a coisa ruim tem um infarto com o susto? – questiona, em tom professoral, uma militante do clã.
- Não podemos ter piedade do inimigo camarada! Temos que nos focar em nossos ideais. Os fins sempre justificam os meios. Não importa o quanto nos sujemos pelo caminho, nosso objetivo será sempre mais transparente e limpo que nós.
- Posso até ver a cara d’aquele ogro. Deve estar escondida embaixo da cama, sem coragem de sair, apavorada! Dessa vez vai aprender a não se meter com quem tem o monopólio da decência e a propriedade das certezas.
- É isso mesmo! Agora ela vai aprender a lição! – comemoram os companheiros as gargalhadas
- O que vocês estão comemorando meus adoráveis bobos? – pergunta Poliana
- Nossa vitória sobre aquela criatura flatulenta e agourenta que lança suas palavras ácidas sobre nosso maravilhoso reinado: Bruxa Má, a invejosa. Dessa vez acho que conseguimos desestabilizá-la. Deixá-la desatinada, sem rumo. Mais tola e ridícula do que já é normalmente.
- Isso mesmo, alteza. Nós fizemos investigações detalhadas do passado dela e descobrimos coisas comprometedoras que estamos usando para ameaçá-la. Agora temos certeza que a velha peçonhenta deve estar se borrando de medo!
- E o que foi que vocês descobriram meus bobos?
Os bobos, ansiosos para agradar sua majestade, fazem o breve silêncio que antecede as grandes revelações:
- Ela tem medo da Cuca! E do Boitatá! – contam os companheiros com o orgulho das crianças ao defecar pela primeira vez no peniquinho.
- Ela o que?! – pergunta Poliana meio incrédula.
- É isso mesmo rainha! Nós fomos longe em nossas investigações. Vasculhamos a vida dela todinha. Até a vila onde passou a infância. E ficamos sabendo de fonte segura: ela se borra de medo da Cuca e do Boitatá!
- É mesmo? - questiona a rainha com certo desapontamento - Além disso, vocês conseguiram alguma coisa ainda mais comprometedora?
- Tem mais coisa sim! Parece que era uma peste, aprontava pra irmã mais nova, foi expulsa de uma aula, passou cola numa prova da faculdade e.... Parece que por muito tempo andava carregando uma bandeira estrelada e pregando umas idéias de justiça social, liberdade de expressão, decência e ética na política. Umas coisas esquisitas, que nós não entendemos direito, então deixamos de lado. Mas, o importante mesmo é: ela tem medo da Cuca e do Boitatá!
- Com base nessas formidáveis descobertas é que estamos acuando essa cobra! Colocando mensagens aterradoras nos espaços de feitiços virtuais da bruxa: “Cuidado com a Cuca, que a Cuca te pega!”- riem os bobos com contagiante prazer.
- Chega dessas bobagens. Assim não tem quem consiga trabalhar. – exalta-se, para surpresa do grupo, o patriarca do clã, Berne, o enrustido. – Será que vocês não se cansam de falar tanta bobagem!
- Credo Berne! Não fala assim com as crianças! São nossos bobos, ora bolas. Nossos companheiros! – Poliana, defende seus adoráveis pupilos.
- Pelo amor de Deus! Só vocês não vêem que estão fazendo papel de idiotas com essas ameaçazinhas e comentários ridículos! Bruxa Má deve dar risada de vocês. – continua Berne muito centrado para uma platéia tão canhota.
- Não são ridículos, não! São bem consistentes. Você Berne, é que nunca foi verdadeiramente da raiz de nosso clã, por isso não consegue nos entender! Seu bobalhão! – choraminga um companheiro fazendo beicinho.
- É isso, mesmo Berne. Você caiu no clã de pára-quedas, agora vem querer nos dar lição de moral.
- Será que vocês não enxergam que não conseguem meter medo em ninguém com essas bobagens?! – continua Berne com a dignidade dos grandes patriarcas - Vocês só conseguem é dar mais motivos pras pessoas falarem. E ao invés de acovardar a Bruxa estão é atiçando-a mais ainda seus burros! Vocês já tentaram isso com Imprensa Livre e se deram mal, como sempre. Esse tipo de artimanha só funciona com gente como vocês que não tem cérebro nem convicções! Que se vendem por ninharia ou são tão alienados a ponto de temer o Bicho Papão só porque o Fidel, o Che e o Chico disseram que ele existe e é muito mau!
- Isso não é verdade Berne! E eu não gosto quando você fala desse jeito com as crianças! Nossos bobos não são burros nem estúpidos! Muito menos alienados! Eles enxergam muito bem, e tem uma visão muito abrangente de nosso reinado e de nossa ideologia. Quem dera todos os nossos súditos tivessem um décimo dessa capacidade de enxergar as coisas que nossos companheiros têm.
- Se você diz Poliana, quem sou eu para discutir. – desiste Berne, voltando a seus jornais e seu notebook.
- É melhor nós voltarmos a esse assunto outra hora. Ficamos tanto tempo aqui discutindo que já anoiteceu. – espreguiça-se Poliana, satisfeita por conseguir contornar mais uma costumeira batalha de egos entre os membros de seu clã. – Berne querido, você pode fechar as janelas da minha bolha por favor?
- Mas com esse calorão Poliana? Por que não deixá-las abertas?
- Credo Berne! Será que você não vê? – irrita-se um dos bobos
- Vê o que? – pergunta o patriarca ainda apalermado.
- Ora bolas Berne! É noite de lua cheia, tem que cuidar com o Lobisomem! – Responde Poliana, injuriada com tamanha ignorância e estupidez.

10 comentários:

  1. AH! Essa foi muito boa..tentaram remoer o passado e não encontraram nada kkkk pior que é bem assim...

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  2. Puxa bruxa má não acharam nem sequer um feitiçozinho mequetrefe, não, nem comeu ranho do nariz quando quando era criança...??? que frustração.

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  3. Eu não acessava o blog até uma amiga indicar. Curiosa como sou, li todas as crônicas, comentários. Me surpreendi, com as ameaças. Com os comentários agressivos, com a falta de esportividades de alguns anônimos. Minha nossa. Se as pessoas não escrevem com seus próprios nomes é porque temem algo: ou processos judiciais, ou tem medo das represálias ou por outros motivos. Sim, sim, a autora das crônicas fala dos atuais mandatários da cidade? Tá, e daí? Também é um direito dela. Os que defendem eles se ofendem? Tudo bem. Mas poderia haver mais respeito? COMC ERTEZA. Confesso, votei na atual administração, MS me recuso a acreditar que tanto o prefeito quanto a vice estejam pensando em matar, calar, atear fogo, etc e tal contra a autora. Se assim for, minha decepção será total. Mas vejo que algumas pessoas extravasam seus piores sentimentos. Coisa de gente primitiva. Isso me preocupa, uma vez que acredito que muitos destes anônimos sejam pessoas com alguma influencia e portanto, formadores de opinião. Não é estes exemplos que desejo sejam repassados a meus filhos. Ainda, muitas coisas, para quem conhece um pouco de história e contos, já explícitos que são fruto da imaginação da autora, não causando mal a ninguém.

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  4. O passado está bem remoído, mas será utilizado na hora certa e se precisar, pois a atual administração não tem o hábito e nem a maldade de acusar sem provas (como é o caso dessa escritora)ou até mesmo de inventar coisas e fatos como assim o faz a oposição. Se necessário for irão utilizar o que sabem. Tenham certeza tem coisa pesada.

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  5. Dito por um compadre do ex prefeito Zanella após ter bebido umas e outras, ele ( o Zanella)concorre a prefeito desde que o seu partido lhe arrume 2 MILHÕES, lhe deixe escolher o vice prefeito e que darão ao Schimidt, 500 mil reais para ele concorrer só para tirar os votos do Polis. Isso é uma quadrilha gente. Pena que a doutora não vai publicar meu comentário, porque está do lado da quadrilha.

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  6. Definitivamente, mais deletério do que a falta de inteligência é a presunção da sabedoria. Portanto, doi mais a dor da ferida da covardia do que todas as sequelas da autenticidade, da coragem e, principalmente, do destemor de enfrentar uma troupe de mambembes oportunistas que mais cavam do que semeiam. Quem não sabe ilustrar o próprio texto existencial com uma narração criativa e crítica, só pode mesmo apelar para ameaças e rompantes deselegantes e desumorados. Assim, faça-se louvor aos bons, agudos e brilhantes textos da dona do Blog que, se já não estivesse tocando fundo na ferida fétida dos inergúmenos apaniguados, não atrairia tanta defecação de pobres coitados que, além de tudo, não dão a cara ao tapa, mas, talvez, só os fundilhos! Por isso e portanto, salve, salve a Bruxa Má.
    Assinado: José Filgueras(pai pra toda obra!)

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  7. Segundo a última pesquisa do IBGE a população de Erechim diminuiu!!! O PT tá afugentando as pessoas! Até nisso estamos dando pra trás. E dele propagandinha enganosa.

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  8. Não sei, não. Vão botar o Darth Vaider no teu pé!rsrsrsrsrsr
    Essa turminha é de matar de rir! São muito otários.

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  9. Querida Blogueira!
    Adoro ler as histórias de poliana, mas adoro mais ainda as ilustraçôes que tu colocas no início de cada capítulo. São fantásticas...Elas retratam com clareza as falcatruas da Rainha e as consequências!
    Parabéns
    Ane

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  10. Precisou remoer tanto o meu passado pra achar a coisa mais pesada que tenho na vida? Mas vocês são mesmo fraquinhos. Eu tenho algo realmente pesado na vida: o maridão! Só que ultimamente nem anda tão pesadinho assim. Vocês vão ter que se esmerar mais companheirada! Ou vão ter que continuar nas ameaças ridículas entre um cafezinho e uma bolachinha como é do feitio dos covardes e estúbidos.

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