sábado, 12 de março de 2011

Poliana, rainha do Carnaval da Orgia


Nossa, mas que folia! Até Poliana se surpreendera com o gosto pelas orgias carnavalescas de alguns de seus bobos e companheiros de clã. O marasmático carnaval do reino foi sacudido pela estrondosa farra de seus amigos. Quanta festa e animação. Arrebentaram mesmo a boca do balão. Tudo é claro, regado aos inesgotáveis recursos públicos. Pois se são públicos, são de todos: todos os amigos de Poliana. Nossa nobre rainha, desde que se tornara soberana, muito vinha se empenhando para colocar em prática seus profundos conhecimentos socialistas “quem não vivia a se servir, não servia para Poliana.” Que mal pode haver em se permitir um pouco de divertimento àqueles que tanta dedicação e comprometimento demonstraram a sua majestade. Aos companheiros que suaram a camisa em comícios e quase desenvolveram tendinites abanando bandeirinhas. Poliana não poderia permitir que membros ilustres, verdadeiros caciques de seu clã, padecessem de tédio nesses feriados. Justo estes, tão corretos e esforçados, mereciam mais do que confetes e serpentinas. Pessoas assim de raro e inestimável valor eram dignos de dádivas, oferendas, monumentos e, é claro, cartazzes – Poliana era aficionada por cartazzes.
A liberada e visionária Poliana sempre estivera a frente de seu tempo. Fora ela, todos lembram, a pioneira criadora do dia do bandeiraço livre. Um dia especial ofertado a seus bobos para festejar o direito ao pleno exercício do total descaramento e a abolição definitiva da moral e da ética em seu reinado. Poliana detestava hipocrisia, sempre defendera a transparência. Era preciso ser coerente com seus princípios. E seus princípios de tão claros e transparentes tornaram-se quase invisíveis a olho nu.
O problema é que o barulho e a algazarra de seus amigos acabaram chegando aos ouvidos sensíveis e ranzinzas de Imprensa Livre. Esta, pobre e mal amada, juntamente com meia dúzia de rancorosos, inconformados por não terem sido convidados para a tal suruba, montaram o seu próprio espetáculo. Um festival de reprimendas e descomposturas. Aqueles discursos cansativos e bolorentos sobre moralidade e decência. Conceitos tão velhos que até mesmo Poliana e seu clã, por tantos anos detentores do monopólio destas virtudes, há muito já haviam abandonado tais falácias. Foram úteis por algum tempo, mas agora não serviam nem mesmo em Horário Eleitoral. Somente a decrépita e enfadonha Imprensa Livre era capaz de ressuscitar, em pleno carnaval, princípios e valores tão ultrapassados e obsoletos. Será que ainda havia gente no reino capaz de acreditar nessas asneiras? Poliana duvidava, mas era melhor não arriscar. Por isso, em frente ao espelho preparava sua melhor cara de quarta-feira de cinzas. Ensaiava um ar de contrariedade com toques de surpresa ressentida. Em poucos minutos estava pronta a apresentar ao grande público sua mais nova fantasia: Poliana – a lastimosa.

3 comentários:

  1. Bem, tava demorando para haver uma denuncia grave, mas agora se forem apontadas todas as irregularidades deles, no mínimo impeachment

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  2. Se o carnaval já foi uma suruba, imagina agora com essa das lombadas! Que fiasqueira!

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  3. Esse reino tá famoso hein? Eles gostam mesmo de midia.

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