domingo, 11 de dezembro de 2011

Em busca de um escudeiro real


A sempre alegre e festiva comitiva de pajens, bobos e bajuladores oficiais de Poliana, nesse dia se reunia para tratar de assuntos mais sombrios. O semblante circunspecto de Líquen mostrava que a pauta da reunião prometia ser ainda mais longa e pesada do que as tradicionais assembléias do estrelado clã da rainha.
- Da forma em que as coisas estão não podem continuar, companheiros e companheiras. Precisamos mudar nossa estratégia, e logo. Temos que proteger a rainha das desgraças do reinado.
- Nós sabemos disso Líquen, temos nos esforçado, mas parece que a rainha só atrai coisa ruim. Tudo gruda nela, como ranho ou meleca. Parece uma maldição!
- Mas nós temos de melhorar a blindagem e reforçar a retaguarda, estamos dando muito espaço pra Oposição avançar.
- Isso é verdade, a retaguarda da rainha já tá que é uma gamela, coitada.
- Por isso nós temos que agir. Afinal nós somos um grupo coeso. Temos de defender a rainha dos abutres e algozes.
- É isso, mesmo! Nós somos fieis ao ideal de justiça e ao reinado, e estaremos sempre junto a nossa majestade.
- Você sabe Líquen, que eu e Poliana temos certas desavenças. Somos de facções rivais nas nossas disputas pelo estrelato no clã. No entanto, pelo clã, esqueço todas as rasteiras e picuinhas e ergo com orgulho o estandarte escarlate. – responde altiva, uma velha matriarca do clã.
- É disso que precisamos. União! Todos lutando juntos por um ideal, como nos velhos tempos. - exulta, emocionado o companheiro Boina Verde.
- Que satisfação poder contar com o apoio de todos os nossos companheiros nesse momento. Nossa rainha ficará radiante com a disposição de vocês. O que nós precisamos é um escudeiro para Poliana. Alguém disposto e corajoso para tomar a frente nas situações difíceis. Destemido e com iniciativa para assumir a culpa das pequenas imperfeições da rainha.
- Ótima idéia! Brilhante! – concordam todos do grupo, satisfeitos com a solução estratégica.
- Que bom que vocês gostaram. Quem de vocês se habilita?
-Nós! – responde o grupo surpreso.
- Claro, o escudeiro real só poderá sair de nossa constelação de amigos. Tem de ser alguém alinhado com nossa ideologia, obscuridades e promessas vazias. Quem vai ser?
Um constrangedor silêncio toma conta do recinto. Os presentes se olhavam com cara de criança que fez arte e procura alguém para por a culpa.
- Eu adoraria, mas não posso Líquen. Estou muito gordo e fora de forma pra acompanhar a maratona de eventos e churrascadas da rainha. – salta o atarracado membro do SindiPelego, demonstrando agilidade nata na hora de fugir de um trabalho.
- E eu sofro de artrose. Lesão ocupacional, de tanto abanar bandeirinhas. Além disso, não enxergo quase nada. Só vejo estrelas, nada mais. – completa a idosa matriarca.
- Eu não tenho como animar a galera nos espetáculos da Orquestra Partidária (OP) e defender a rainha. Eu ia perder o rebolado. – defende-se Santo Jorge
- Ora bolas, convenhamos Líquen! Nós somos bobos, mas não somos trouxas. Quem é que vai querer entrar numa fria dessas? – pergunta um dos membros da Irmandade do Fogo.
- Mas não foram vocês mesmo que disseram que estariam sempre ao lado da rainha, para o que der e vier? – questiona Líquen indignado.
- Você está distorcendo as coisas Líquen! Nós estaremos sempre ao lado da rainha, enquanto ela estiver no trono para nos dar uns carguinhos e ainda vier uns troquinhos. Não pra levar chumbo de Oposição e Imprensa Livre!
- E você Boina Verde? Onde está o ideal de justiça, união e luta?
- Nesse caso camarada, está mais alinhado com a nova ideologia do nosso clã: só sei que nada sei.
- Não é possível que nenhum de vocês vá se sensibilizar com a situação desesperadora da rainha! – suplica Líquen
- Tenha dó, Líquen! Sem apelação! Daqui a pouco vai começar a evocar Fidel e Che, e cantar Pra não dizer que não falei de flores.
- É muito fácil pra você, que agora está com a vida mansa, investindo no ramo de compra e venda de emendas parlamentares. Nós só temos uns carguinhos, e nenhuma segurança. E depois, anda correndo a boca pequena no reino, que até os temidos irmão Grafite, que sempre foram cu e calça com Poliana, já estão abandonando o barco antes que este afunde.
- Não tem jeito, Líquen. Nós éramos ótimos na hora de fazer passeatinhas, trancar ruas e mobilizar multidões em nome de um ideal. Hoje, nem isso sabemos fazer mais. Estamos muito bem nessa nova vida, sem pudores ou ideologias para nos preocupar. O negócio é encontrarmos algum idiota fora dos muros do castelo pra executar essa tarefa.
- Mas quem? Quem toparia uma tarefa ingrata dessas? Na lista de seguidores do grande clã, já não há mais ninguém tão estúpido para aceitar a missão. Os que continuam nos seguindo só o fazem visando um carguinho ou comissão no fim do túnel.
- Nós podemos tentar cooptar alguém de Oposição! Pelo menos blindagem eles faziam bem, temos de admitir.
- Oposição?! Mas e nossos discursos e nossa ideologia onde ficariam?! – revolta-se a matriarca, abanando-se com as saias.
- Ficam onde estão há anos, no lixo! Deixa de hipocrisia companheira! – rosna Líquen. – Até que não é má idéia. Já que Oposição nos roubou Basco, o raivoso, podemos devolver na mesma moeda. Mas quem poderíamos tentar encantar ou subornar com promessas de poder e riquezas?
- Precisamos pesquisar. Eu gosto daquele menino meiguinho, estilo paz e amor da Câmara de Vendilhões... pode combinar com a imagem que queremos vender. – opina o membro da Irmandade do fogo.
- Vamos nos mexer e começar já nossa busca. Continuaremos tentando achar algum tolo dentro de nosso próprio quadro ao mesmo tempo em que vasculharemos os porões de Oposição. – ordena Líquen, o estrategista.
- E se mesmo assim não encontrarmos ninguém?
- Aí iremos ao Zoológico. Lá sempre tem um macaco Tião ou alguma anta pronta pra colar em Poliana.

9 comentários:

  1. ... E escorre, pelos cantos da boca da blogueira o fel bilioso, buscando belicosas reações que nunca virão para sua tristeza e raiva. Se tivesse rabo, com certeza o morderia, de tanto dar voltas ao redor de si mesma, a frustrada pseudo-escritora, enquanto vai baixando cada vez mais o nível da linguagem.

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  2. Que côsa, cousa, coisa, meeeeeeeeeee. Tá ficando esquisito isso. Tá, mesmo "rente" (gente).

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  3. MAS QUETAL VOCÊ RECEBER UM COMETÁRIO DO "ANÔNIMO" QUE ESCREVE A PALAVRA "GEITO", QUANDO A GRAFIA É "JEITO, E AINDA QUER SE DAR O DIREITO DE DAR OPINIÕES !!!

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  4. Estou procurando o "geito" ou o "jeito". Onde? Onde? Não tem jeito, mesmo. Nem "geito", pelo jeito. kkkkkkkkkkk

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  5. Não se preocupe, nobre rainha, com os comentários que emanam do fosso. É como disse o sábio druida daquele reino distante, "não há como os espertalhões morrerem de fome por falta de anônimos, digo, idiotas..."

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  6. - Não se preocupe, nobre Rainha, com os comentários que emanam do fosso! Eu a defenderei desses espertalhões!!! - disse em voz empostada e teatral, tirando da bainha a sua espada de super-herói de brinquedo e se enrolando todo na capa que mal lhe cabia, o fiel Sebastião, um dos leais bobos que sonhava em ser escudeiro...

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  7. - Realmente, realeza! Não será por falta de anônimos, uma vez que os Sebastião Lepère, que é pseudônimo, é a mesma coisa e dá na mesma.

    Portanto,amigo (também anônimo) idiotas por idiotas, cada qual tem os simpatizantes que merece.

    Aliás, permita-me Sebastião: Classic Bach - Johann Sebastian (Le Père). Original, da sua parte.

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    1. Lamento, investigativo e detetivesco amigo Anônimo, mas seus bisonhos argumentos são tão ingênuos quanto impróprios. Claro, há a obra bachiana, como também há Maupassant Lepère, La Chaise, Goriot e tantos outros... Se uso pseudônimo? Bem... Descubra, meu caro Sherlock tupiniquim.

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    2. Olá Sebastien! ou melhor, Sebastião (em velho e bom tupiniquim)! Adoro pessoas cultas, mas você forçou muito adjetivando de ingênuos, bisonhos e impróprios meu argumentos. Que isso... admita que são, no mínimo bons (risos). A propósito, , você também toca violão?

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