domingo, 4 de dezembro de 2011

As Imprecisões da Oligofrênica Rainha


Os insuperáveis bobos da corte discutiam contrafeitos os últimos desagradáveis acontecimentos do reino, quando uma esfuziante Poliana adentra na recinto. O humor da rainha contrastava com as caras fechadas e pensativas de seus assessores e pajens. Poliana rodopiava e saltitava pela sala. Ria, o riso solto e puro das crianças em noite de Natal. Cantarolava baixinho uma alegre, mas pouco conhecida marchinha de seus tempos de fantasias carnavalescas, com muita pompa e purpurina: Eu digo Sim! Eu digo Sim! Até o fim! Mesmo afundando na lama, eu abro a boca e digo sim pra Poliana!Eu digo sim pra desordem! Eu digo sim pra imprecisão! Quando a saúde agoniza, eu me escondo e digo é que assim! Os bobos se olhavam desconfiados, sem entender o motivo de tanto contentamento da rainha quando o momento do reinado era, como de costume, de mais uma sucessão de trapalhadas e fiascos. Sem conseguir conter a curiosidade a presidente do SindiPelego pergunta a rainha:
- Qual o motivo de tanta alegria nessa manha tão fria, alteza?
- Eu tenho que estar rubra de contentamento meus bobos, pois mais uma vez provei que como sempre tinha razão. Só os tolos e aqueles com certo grau de senso crítico é que não são capazes de perceber que eu sempre, tenho razão. Mesmo quando me equivoco. – responde Poliana com o delicado nariz empinadinho de soberba.
- E o que foi, magnânima rainha, que a senhora com tanta precisão e certeza acertou dessa vez? - questiona, ocultando a desconfiança, um puxa sacos de confiança da Irmandade do Fogo.
- Que as tais pesquisas de popularidade estavam redondamente erradas é claro! Eu disse que era tudo um complô armado para me desmoralizar. Colocar um bando de amadores para julgar a popularidade da translumbrante Poliana, era visto que não conseguiriam enxergar as coisas direito. Ficaram cegos, os tais pesquisadores, com o brilho estonteante de minha reluzente pessoa. Agora toda a armação esta sendo desmentida e minha honra será finalmente lavada! – regozija-se a rainha inflada de orgulho.
Líquen, um pouco preocupado com o excesso de auto-estima da eternamente egocêntrica rainha, resolve intrometer-se nos delírios reais:
- E o que foi que levou você, Poliana, a chegar a mais uma dessas estupendas e ponderadas conclusões, dignas das mentes brilhantes dos membros mais ortodoxos e bitolados de nosso clã?
- Os fatos, meu caro e amorfo Líquen! Você não tem acompanhado os últimos fatos do reino companheiro? Será que você anda tão alinhado com mensaleiros e ongueiros que esqueceu do nosso reinado? Cuidado para não alinhar demais nossas cuecas com as cuecas lá de cima, hein! Vai que ao invés de emenda tudo acabe em remendos. – satiriza a rainha, cuspindo no cocho onde costuma se lambuzar.
- Você poderia explicar melhor esses tais fatos alteza? – contemporiza um membro da FarsaSindical, também familiarizado e alinhado com propinas e descaramentos.
- Vocês meus alienados bobos, não enxergam um palmo na frente do nariz! Não sabem interpretar uma situação. Vocês não viram as inegáveis evidências da popularidade da rainha mostradas em todos os meios de comunicação nesses dias? Será que vocês são cegos! – ergue-se altiva a soberana absoluta do reino e com a arrogância própria dos donos da verdade prossegue seu discurso: - Até Imprensa Livre teve de se ajoelhar aos meus pés pedindo clemência. Está em todos os jornais. As fotos e manchetes não mentem, como aquelas pesquisas amadoras e pré-fabricadas. O povo se acotovelava e se empurrava. Milhares deles. Pessoas pulavam muros. Até a polícia precisou ser chamada. Toda essa gente disposta a enfrentar qualquer obstáculo e imprecisão, apenas para ter o privilégio de servir a magnífica Poliana! Isso sim é popularidade! Nunca antes na história desse reino algo assim foi visto!
- Hah, não... - murmura o grupo desanimando.
- Hah, sim! Sim! E tem mais. Muito mais! Recebi em apenas três dias centenas, talvez milhares de cartas. Todas endereçadas a rainha. Não comecei a ler, mas obviamente são manifestações de apreço e admiração a melhor rainha que esse até então desconhecido reino já teve.
- Cartas, rainha? Posso ver uma delas? – pede Líquen já antevendo a desgraça.
-É claro, meu caro Líquen. Pode pegar qualquer uma daquela imensa pilha. – aponta Poliana enquanto rodopia eufórica pela sala.
Líquen lia, com o costumeiro rosto sombrio, algumas das inúmeras cartas que estavam sobre a mesa. Enquanto isso, os demais bobos e pajens aguardavam o parecer em expectativa. Com cara de quem esperava um carguinho e ganhou um tapinha nas costas, o companheiro Líquen anuncia ao grupo:
- As tais cartas, nada mais são do que os milhares de recursos dos candidatos da seleção para servos reais, reclamando de imprecisões e irregularidades nas provas. Não tem nenhum elogio, mas tem cada palavrão...
Alheia a tudo, como sempre, Poliana se admirava no espelho, cantarolando sua musiquinha preferida: Eu digo sim! Eu digo sim, pra Poliana e seu reinado!

14 comentários:

  1. ... é triste a realidade, felizmente o "povo deixou de ser cego e passivo... agora reclamam ATIVAMENTE e quando muitos reclamam é como dizem: Onde há fumaça, há FOGO! Agora é esperar o reino de Poliana QUEIMAR \o/

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  2. .... triste????? ta mais para ridiculo. vamos esperar pelos resultados e ver os bobos em primeiro lugar e nós povo reprovar.

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  3. Dá para perceber como as pessoas são ignorantes mesmo...até parece que não sabem que a seleção da empresa para o concurso é feita através de licitação... A doutorinha não sabe como funciona isso? Depois de tantos anos fazendo rolos na prefeitura? Acho que tem que trabalhar mais e escrever menos besteiras.... E a propósito se tiver dúvida a licitação pode ser vista por qualquer pessoa....

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  4. Ainda bem que seleção da impresa é feita por licitação, né? Provavelmente, se fosse pro pessoal da administraçõa fazer o tal concurso, a desorganização e incopetência seriam ainda maiores. E tu é mesmo ignorante, não entendeu nada do texto. Leia de novo, talvez um dia chegues lá. Força e persistência.

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  5. adorei esse conto, me fez lembrar de fatos que aconteceram... é uma vergonha !

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  6. Vai precisar de MUITA força pra entender o texto, porque pra demonstrar a IGNORÂNCIA tá bem facinho!

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  7. engraçado que a administração pública municipal não se prestou nem a responder o e-mail que encaminhei para eles, solicitando explicações quanto as alterações de prazos efetuadas no transcorrer do concurso, ferindo assim quem havia seguido o edital de abertura... já o MP, esse sim mostrou interesse ;) ... a fumaça pode ser vislumbrada ao longe...

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  8. esse concurso mais um fiasco...

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  9. Eles só se pronunciam pra dizer que são perseguidos! Coitadinhos! Parece que estão lá de favor, que não quase se mataram na eleição pra ganhar a disputa. Prometeram acabar com as filas nos postos de saude, acabar co a violencia, construir moradias (não essas com financiamento federal), que iam mudar o transporte coletivo.... Não fizeram nada com as próprias pernas e continuam mentindo na maior cara de páu!

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  10. Essa Poliana que respondeu o comentário é a mesma pessoa que escreve os contos? Não me parece...Engraçado cometer erros primários de português: "impresa", " incopetência". Não vale dizer que é erro de digitação como "administraçõa". Tsk, tsk.

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  11. Uma das coisas mais valiosas na arte de escrever, é escrever com propriedade, o domínio sobre o assunto que se escreve é primordial, seja na ficção ou realidade. No entanto, quando se pretende "misturar" propositalmente as coisas de forma consciente na cabeça do leitor menos informado ou crédulo naquilo que está lendo, esse princípio é deixado de lado. Penso que seja este o caso da blogueira. Na questão específica do Concurso Público, por exemplo, que está sendo comentado por seus leitores aqui neste espaço, é sabido por aqueles que querem propagar a verdade, é que os portões foram fechados na hora correta (vide câmeras da Universidade) o que já foi comprovado. As outras responsabilidades, estão sendo cobradas de quem de direito. As "inúmeras cartas", devem ser aquilo que algumas pessoas dizem: uma mentira muito dita, e ainda, por alguém que angariou, a meu ver, "a muito riso e pouco siso" a confiança de seus próprios bobos, acaba, sim, "parecendo" verdade. Mas uma verdade que apenas parece ser, nunca será uma.

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  12. Ficarei muito chateado se meus dois comentários anteriores não forem aprovados. Aí pensarei que o Ego da blogueira estará ainda maior do que a sua raiva disfarçada de ironia bem (mal) humorada.

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  13. Como as pessoas são ignorantes... tanto que chegam ao ponto de perderem tempo discutindo a respeito de um simples conto de fadas, ou bruxas... he he he... que tal continuar trabalhando ao invés de pesquisarem sobre o que se fala do tão amado governo... hauhauahuahuaha
    PARABÉNS PELO TEXTO!!!

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  14. Como vc vê, cada qual tem seus próprios bobos. Até a pseudo-escritora angaria os seus.

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